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1º de Maio em França marcado por violência nas ruas

Os sindicatos franceses voltaram à rua para avisar o Governo que há “um clima social tenso” que necessita de respostas após “um ano de frustração” em setores chave como educação, saúde ou serviços.

Privados de rua e de grandes manifestações há mais de um ano, milhares de pessoas participaram neste 1 de Maio nas diferentes manifestações organizadas pelos sindicatos gauleses, satisfeitos por poderem voltar-se a encontrar nesta data simbólica para os trabalhadores.

“Hoje podemos dizer que é o encontro de toda a gente após um ano de frustração, mas estivemos sempre mobilizados”, garantiu Philippe Martinez, secretário-geral da CGT, uma das principais centrais sindicais francesas, em declarações à Agência Lusa antes da partida do cortejo parisiense.

A crise social provocada pela Covid-19 e a anunciada reforma das prestações do desemprego deram o mote a este 1 de Maio, criando, segundo o sindicalista, um “clima social interessante, com muita tensão” que promete não abandonar a rua nos próximos meses.

“Quanto ao desconfinamento, penso nos trabalhadores do setor hoteleiro, restauração e eventos, precisamos que as ajudas continuem. Não podemos esquecer que quem está em ‘layoff’ há mais de um ano, está a ganhar 84% do salário e é complicado, especialmente se as pessoas já tinham dificuldades antes de chegar ao fim do mês”, explicou o líder sindical, tendo em vista o plano de desconfinamento proposto pelo Governo até 30 de junho.

Além das dificuldades económicas dos trabalhadores, vários setores franceses mostram um cansaço acumulado devido à duração e intensidade da pandemia.

“Nos hospitais de Paris estamos completamente exaustos. O Governo tem-se servido da pandemia para desregular completamente as nossas profissões, prolongando as horas de trabalho, suprimindo folgas e obrigando-nos a adiar as férias”, afirmou Olivier Cammas, auxiliar hospitalar e responsável da União Sindical-CGT dos hospitais de Paris.

Com 75 mil profissionais de saúde, o grupo Assistance Publique – Hôpitaux de Paris, que reúne os hospitais públicos da capital, é o maior centro hospitalar universitário da Europa e recebe atualmente milhares de pacientes. Segundo Cammas, a urgência nos hospitais é de tal forma que alguns dos seus colegas foram obrigados a trabalhar “mesmo sendo positivos à Covid-19”.

Também a escola e os professores pedem “um plano de urgência” após um ano e meio de dificuldades.

“Precisamos de um plano de urgência para a educação e que seja coordenado. Precisamos de mais professores, turmas mais pequenas, mas também mais assistentes sociais ou enfermeiras. O objetivo é consertar tudo o que afetado pela crise sanitária”, afirmou Benoit Teste, secretário-geral da FSU, maior sindicato de professores francês.

Do outro lado, os estudantes, especialmente os universitários, temem um futuro sem emprego seguro.

“As nossas condições de vida são muito complicadas, aguardamos ainda as medidas contra a precariedade dos estudantes, com bolsas mais elevadas e mais ajudas para o alojamento. Mas acima de tudo, para todos aqueles que estão a acabar os estudos, temos medo de entrar no mundo do trabalho sem quaisquer perspetivas”, sublinhou Mélanie Luce, líder do sindicato de estudantes universitários UNEF.

Em toda a França, as manifestações do 1 de Maio reuniram cerca de 150 mil pessoas, segundo a CGT, com o cortejo de Paris a contar com 25 mil manifestantes.

Os protestos na capital francesa e noutras cidades como Lyon acabaram por degenerar em confrontos entre polícias e jovens encapuzados, com 34 pessoas detidas em Paris e vários polícias feridos.

 

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