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1° de Maio/Nora Back: “Vamos lutar até deixar de haver manipulação do index”

© OGBL/Marc Lazzarini

A OGBL mobilizou mais de três mil membros, militantes, simpatizantes e outros ativistas no domingo, 1° de Maio – Dia do Trabalhador, numa manifestação de protesto contra as recentes medidas anunciadas pelo Governo, o chamado ‘Pacote de Solidariedade’, que este sindicato foi o único dos parceiros sociais a não assinar (LCGB, CGFP e patronato subscreveram o acordo) por este prever cortes e adiamentos no index (indexação automática dos salários) até ao final de 2023. Foi a maior mobilização num 1° de Maio desde os anos 1980. 

Recorde-se que com os outros parceiros sociais o Governo conseguiu chegar a acordo para que a única tranche de index (+2,5%) a ser acionada este ano fosse a de abril, quando o Statec calculou nas suas previsões económicas (tendo em conta os efeitos pós-pandemia e a guerra na Ucrânia) que este ano deveria haver duas tranches de indexação salarial, uma em abril e uma em agosto, e outra novamente em março de 2023. Com este acordo, mesmo que a inflação suba em flecha este ano, não haverá mais nenhuma tranche de index. O próximo index só está previsto para a primavera de 2023. E mais uma vez, durante todo o ano de 2023, não haverá mais do que uma tranche de index acionada, qualquer que seja a evolução da inflação. No entanto, a lei estipula que cada vez que no Luxemburgo a inflação sobe mais do que 2,5%, um index de 2,5% deve ser acionado para devolver poder de compra aos trabalhadores e reformados. É esse violar da lei que a OGBL denuncia. 

OGBL/Marc Lazzarini

Ruas vestiram-se de vermelho

A manifestação encheu de bandeiras vermelhas, de apitos esfuziantes, músicas, canções, gritos e slogans de protesto as ruas tranquilas da cidade do Luxemburgo numa manhã ensolarada de domingo, desde a gare até ao Grund, via a avenue de la Liberté. Na manifestação era possível ver também várias secções da OGBL de trabalhadores fronteiriços, já que estes são os grandes esquecidos das medidas de apoio do Governo: ficam sem index e sem os apoios estatais, que vão apenas para os trabalhadores residentes. Também se juntaram à manifestação representantes dos partidos déi Lénk (A Esquerda) e KPL (Partido Comunista Luxemburguês).

No adro da abadia de Neimënster totalmente repleto, a presidente da central sindical, Nora Back, começou por lembrar no seu discurso que a OGBL enceta com esta manifestação uma luta que pode durar semanas ou meses, enquanto o Governo não voltar atrás na decisão de manipular o index. 

OGBL/Marc Lazzarini

OGBL não está isolada

 “Vamos mostrar-lhes [ao Governo] que a OGBL não está isolada. O maior sindicato do Luxemburgo e o único a defender os interesses de todos os trabalhadores e reformados não vai ficar quieto. Porque somos sindicalistas. Porque é o nosso dever dizer não ao desmantelamento social e não alinhar com este.” Esta manifestação é “um sinal forte dirigido ao Executivo e ao patronato”.

Nora Back denunciou ainda o facto de as negociações da Tripartida (entre Governo, patronato e sindicatos, que decorreram em março) não o terem sido na realidade, pois Executivo e patrões apresentaram as suas propostas, recusando ouvir as dos sindicatos.  “A Tripartida foi instrumentalizada para manipular o index!” acusou a presidente da OGBL. 

O crédito fiscal e a redução dos preços dos combustíveis, duas das medidas de apoio aos trabalhadores que o Governo anunciou, são uma magra compensação pelo poder de compra perdido com o corte do index. 

Back denuncia ainda que o Governo tem tido dificuldades em calcular o montante exato do crédito fiscal, evocando ainda as tentativas goradas de reduzir o preço dos combustíveis, que continuam a aumentar. 

A presidente da OGBL também não poupou críticas ao sindicato LCGB, que assinou o acordo com o Governo, revelando que sabe que tanto no seio como nas hostes do sindicato cristão-social há membros e dirigentes contra a decisão de este ter dobrado face ao Governo. 

Nora Back repetiu várias vezes a recusa da OGBL em deixar manipular o index. Questionou também se as ajudas que as empresas receberam nos últimos dois anos, durante a pandemia, e os lucros record que muitas registaram em 2021, não chegam para atribuírem as tranches de index devidas aos seus trabalhadores. Back denunciou sobretudo o facto de as ajudas que o Estado vai atribuir às empresas de forma indiscriminada, ou seja quer enfrentem ou não dificuldades financeiras, ser dinheiro que em vez de ir parar ao bolso dos trabalhadores vai parar ao bolso das empresas, algumas das quais estão no Luxemburgo para fugir aos impostos.

OGBL/Marc Lazzarini

“Não desistiremos enquanto não houver mudança política!”

A mobilização da OGBL vai continuar forte, avisou Nora Back: “Não desistiremos enquanto não houver uma mudança política a favor dos trabalhadores e dos reformados.” 

Entre a multidão de ativistas e membros da OGBL, que se mostravam zangados de cada vez que era mencionado o Governo ou a Tripartida, o que aumentava o som dos protestos dos manifestantes, estavam presentes o ministro do Trabalho, o socialista Georges Engel (LSAP), além dos dois deputados e presidentes do partido, Francine Closener e Dan Biancalana. Que não aplaudiram o discurso e preferiram manter-se em silêncio. 

Recorde-se que LSAP e OGBL sempre foram próximos. A indexação salarial foi aliás um progresso social introduzido pelos socialistas nos anos 1970 quando eram Governo, tendo  sido um instrumento de justiça social que a OGBL sempre apoiou e defendeu. Foi assim tanto mais incompreensível para a OGBL quando o LSAP, que integra a coligação governamental dominada pelos liberais (DP) desde 2013, deixou que o index fosse manipulado, renegando assim parte da sua herança social e política. 

Depois do discurso político de Nora Back, pôde começar a Festa do Trabalho e das Culturas, como acontece anualmente naquele local há largos anos, com o apoio da ASTI, da ASTM e da abadia Néimënster, com concertos e representações, oficinas criativas e atividades lúdicas para crianças e adultos, além da obrigatória aldeia gastronómica com cores e sabores de vários países da vasta comunidade estrangeira em presença no Luxemburgo. 

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