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Ⅳ Antologia Poetas Lusófonos na Diáspora

Quase que me apetecia começar este texto transcrevendo apenas e só, um qualquer poema desta Ⅳ Antologia de poetas lusófonos na diáspora.

A razão pela qual não o faço é que, fosse qual fosse o poema que escolhesse para iniciar este texto, estaria a ser injusto com os outros autores poetas, que não fossem escolhidos, e isto pela simples razão de que, este livro está cheio de pequenos tesouros, alguns dos quais, veja-se lá, estavam guardados no fundo de gavetas, tão cheias destas pequenas grandes relíquias, quão solitárias e quase esquecidas.

Neste contexto, a Oxalá Editora, ao levar este livro à estampa, proporcionou aos excelentes poetas lusófonos, a oportunidade que todos eles bem mereciam e merecem, a divulgação, o registo em páginas de um livro, das suas emoções e sentimentos em forma de poesia.

É claro que, em nome do politicamente correto, deveria começar por dizer, poetizas e poetas, e elas e eles e coisas assim, mas como não acredito em política, mas sim no respeito e igualdade de talentos, de um lado e do outro da espécie humana, já sabem que me refiro a todos e todas que participaram nesta antologia, que a título de curiosidade, tem mais poetizas do que poetas. Mas isso, eu tenho a certeza que não foi um critério, apenas calhou ser assim.

A coordenação desta antologia, ficou a cargo de São Gonçalves, a excelente poetisa e mulher de letras, que escreve como quem embala uma melodia em palavras.

O único contra, apesar da mais-valia desta antologia ter sido coordenada por São Gonçalves, é que, segundo o seu próprio critério, a poetisa não participou da antologia, com os seus belos poemas. Mas, o bom caráter é sempre o oposto da vaidade e por isso, respeitamos essa decisão.

Nunca será demais mencionar o nome de todos os que participaram desta antologia de poemas, porque cada um deles, sem exceção, nos deliciam com um trabalho de excelente qualidade, trabalho esse que qualquer amante da poesia se deliciará na sua leitura.

Ana Casanova, Ana Fernandes, Ana Luísa, António Justo, António Topa, Bernardo P. Trigo, Bia Vasconcelos, Carla Magalhães, Daniela Cruz, Daniela D’Avila, Dévora Cortinhal, Dominique Stoenesco, Edney Pereira Melo, Fernando de Matos, Isaac Nin, José Luís Correia, Maria do Rosário Loures, Marília Andreä, Nancy Vieira Couto, Paula Sá Carvalho, Paula de Lemos, Rafael Martins, Roseangelina Batista, Sarah Virgi, Sofia Laureano Schelten, Sónia Micaelo, Vânia Perciani, Vera Cidade.

Alguns dos poetas que participaram nesta antologia já eu lhes conhecia a qualidade dos seus poemas, e trabalhos literários, uma vez que os acompanho nas suas colunas no jornal BOM DIA, que tem sido a voz das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, e ao mesmo tempo uma espécie de livro aberto à disposição não só dos que gostam de escrever, como também daqueles que gostam de ler e apoiar o talento das comunidades portuguesas, que através dos seus escritos, partilham um pouco da alma portuguesa que traz o seu país no coração para onde quer que vá.

Ao dizer isto estou a lembrar-me de Bia Vasconcelos, “De onde vens, rapariga dos pés descalços? Silêncio, Perdi a voz, Fico pensativa, Observo à minha volta, Esta areia ainda é minha, O cheiro a cimbalino também, Mas…vem o mas, O mas que me diz ao ouvido: Um dia foste daqui, Hoje és de onde tu quiseres, Pertences ao teu universo…”

Ou Paula Sá Carvalho, “Um dia há de o caudal deste rio, Levar a um porto com abrigo, E todo este enovelado será um fio, Tricotado nas noites comigo…”

Dévora Cortinhal, “Quero ficar invisível ao olhar do medo, Fugir deste quarto que me priva da liberdade, Passar despercebida para escapar, E ser livre, enfim, para correr nas florestas cerradas, Escalar muros de pedra, Saltar sem ter medo de cair, Descer escadas estreitas.”

Ou, Aquele que eu considero o poeta e escritor, sem medo e sem papas na língua, José Luís Correia, “Nunca mais isto! Nunca mais isto!, Proferiram os poderosos do mundo, Do alto das suas torres das nações, Ainda fumegavam as cinzas do holocausto, E o povo acreditou. Tolos!”

A esta frontalidade já o José Luís Correia nos habituou porque tem uma maneira direta e honesta de escrever o que lhe vai pela alma, e mais incrivelmente, põe a maior parte das vezes em palavras suas, o que nos vai na alma a nós também.

Apetecia-me também falar dos poemas de António Justo, de quem eu sou fã dos seus escritos, (e isso já o tinha confessado há muito tempo, num texto que enviei para o BOM DIA e que o jornal teve a amabilidade, bem como a coragem de o publicar). “Todos os dias à noite, No vazio da lembrança, Ao tocar o sino, Minha alma voa, Em ecos de mistério! Cantando fica o sonho, No por do sol da memória.” 

O prefácio desta antologia é escrito por mais um colunista do BOM DIA, Daniel Bastos, consultor do Museu das Migrações e das Comunidades, historiador e professor.

Para quem realmente gosta de poesia este é sem dúvida um livro para ler e juntar a outros na prateleira, para que de vez em quando se possa voltar a reler. Não há nada de errado em ler um bom livro mais do que uma vez.

António Magalhães

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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