De que está à procura ?

Desporto

Volta a Portugal: Alarcón e Antunes foram soberbos a garantir a amarela final

Raúl Alarcón e Amaro Antunes garantiram esta segunda-feira que a vitória na 79.ª Volta a Portugal em bicicleta será da W52-FC Porto, que com uma tática alucinante colocou os rivais a cinco minutos e ‘destroçou’ o seu líder Gustavo Veloso.

Numa nona etapa apoteótica, os dois ‘dragões’ atacaram, em diferentes momentos, na subida à Torre, deixaram Vicente García de Mateos (Louletano-Hospital de Loulé) e Rinaldo Nocentini (Sporting-Tavira) ‘apeados’, consolidaram a vantagem a descer, aumentaram-na a subir e ‘humilharam’ toda a concorrência, com Antunes a festejar o triunfo na Guarda e Alarcón a mais que presumível amarela final.

“Na verdade, não [esperava quase cinco minutos de vantagem], porque sabíamos que os rivais estavam fortes, mas creio que o sucesso foi a união do grupo. Foi isso que fez a grande diferença, porque chegámos ao alto da Torre e o Nuno dizia-nos que tínhamos um minuto [de vantagem] e tínhamos de apertar, porque lá atrás o entendimento não era o melhor. E foi incrível conseguir chegar com o Raúl, ele deixou-me ganhar, e isso é o mais importante”, defendeu o agora segundo classificado na geral, que assegurou também a camisola da montanha.

Nos 184,1 quilómetros mais emocionantes desta edição não houve tempo para respirar: logo aos 17 quilómetros, o pelotão partiu-se em dois e um grupo de elite, composto por 26 corredores, entre os quais Rui Vinhas e Ricardo Mestre (W52-FC Porto), Egor Silin (RP-Boavista) ou o camisola da juventude, o letão Krists Neilands (Israel Cycling Team), isolou-se na dianteira.

Mas a fuga não passará à história, por causa da tática louca dos ‘dragões’, que lançaram Amaro Antunes no início da longa subida de 27,4 quilómetros até ao ponto mais alto de Portugal continental (1.993 metros) e eliminaram aquele que, pelo menos teoricamente, era o seu líder (na estrada, percebeu-se que Gustavo Veloso nunca foi efetivamente o ‘plano A’ de Nuno Ribeiro).

Ao ataque do algarvio, que destruiu as aspirações do duplo vencedor da Volta a Portugal (perdeu 41.49 minutos na meta), respondeu, num primeiro momento, García de Mateos, mas ninguém conseguiu chegar a Antunes, que engatou no grupo de fugitivos, onde contou com a colaboração de Mestre.

Só que o ‘show’ da W52-FC Porto estava ainda a começar: lá atrás no grupo de fugitivos, com mais de 80 quilómetros para a meta, arrancou sozinho o camisola amarela, que também se juntou aos seus dois companheiros e a Neilands na frente da corrida.

Apanhados de surpresa por mais uma estratégia ‘megalómana’ dos portistas, os outros candidatos, comandados quase sempre por Alejandro Marque (Sporting-Tavira) e Hélder Ferreira (Louletano-Hospital de Loulé), tentaram, sem sucesso, diminuir a diferença para os homens frente que, a 35 quilómetros da meta, era de 1.45 minutos – Efapel e RP-Boavista atiraram as responsabilidades para os outros, contentando-se, desoladoramente, com o ‘top 10’ na prova na qual partiram com pretensões à vitória final.

A 15 quilómetros da meta, o letão da Israel Cycling Team cedeu – foi terceiro na tirada, a 1.28 minutos – e a luta pela geral passou a ser a dois, com os ‘dragões’ a aumentarem a vantagem sobre os perseguidores, novamente encabeçados por um inesgotável Marque, que mesmo com uma fissura na costela, não se negou a trabalhar para o seu companheiro italiano.

Mas nada nem ninguém deteve a dupla Alarcón-Antunes, que Nocentini descreveria ‘a posteriori’ como digna do WorldTour. Com a amarela bem presa ao corpo, o alicantino ofereceu a etapa e a camisola da montanha ao português, com ambos a cruzarem a meta com o tempo de 4:56.55 horas, quase cinco minutos (!) antes de toda a concorrência.

Abraçados, os homens do dia não testemunharam o descalabro dos rivais: García de Mateos foi quarto, a 4.41 minutos, e Nocentini acabou em quinto, a 4.44. O espanhol, terceiro na geral a 5.01 minutos, e o italiano, quarto a 5.09, vão discutir o último lugar do pódio no contrarrelógio de 20,3 quilómetros de Viseu, já que a camisola amarela e o estatuto de ‘vice’ são já inalcançáveis.

“Não estou nada nervoso”, garantiu o exultante ‘dragão’. E não é difícil perceber porquê: Amaro Antunes, que está a 28 segundos e não é um adepto dos contrarrelógios, já lhe entregou a vitória, dizendo que é o alicantino, de 31 anos, o justo vencedor.

TÓPICOS

Siga-nos e receba as notícias do BOM DIA