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Viagem no fundo dos mares

Nos quatro cantos do mundo somos abraçados por uma formosura indescritível e omnipresente. Desde cidades cosmopolitas às mais modestas vilas e aldeias, a mão humana desenhou ao longo do tempo deleitosos traços, oferecendo arquiteturas fabulosas a nativos e viajantes.

Acima da mão humana, o fastígio da mãe natureza excedeu-se e esculpiu o impensável. O vértice de um assomado palco da vida, onde todos os elementos bucólicos encaixam na perfeição. É um mundo colossal por descobrir e, por mais beleza que possa haver em cada latíbulo, nada se compara às profundezas do oceano.

Por todo o mundo existem paraísos aquáticos onde o mergulho é um encanto e as Honduras é um desses destinos. Estava numa vila costeira à beira-mar e era hora de regressar ao meu aposento. Um pequeno refúgio no meio do nada, por isso tive alguma dificuldade em encontrar a pousada devido à falta de eletricidade.

Passo a passo a minha locomoção era semelhante à de um caracol, apenas não levava casa às costas. Com o desembrulhar de um sonho à vista, tinha de descansar para acordar fresco no dia seguinte e poder finalmente nadar com tubarões. Incongruente, absurdo ou até mesmo perigoso, eram alguns adjetivos que amigos meus mencionaram antes de partir.

Talvez eu seja um pouco inconsciente (ou não!), mas a verdade é que são os sonhos que nos movem. O medo existe e sempre existiu, mas há sempre um arrependimento quando adiamos seja o que for na vida. Uma espécie de sentimento de culpa que, com o passar do tempo, se transforma numa miragem ou utopia inviável. Independentemente das divergentes opiniões, temos de construir o nosso caminho. Se fôssemos atrás do que as pessoas dizem, não faríamos nada do que o nosso coração dita. Deixaríamos de ser nós próprios e o mundo teria sósias de gostos e comportamentos, o que seria certamente enfadonho e fastidioso.

No dia seguinte acordei bastante cedo. Aguardava pacientemente que me viessem buscar para fazer mergulho. Passado algum tempo, chegou um senhor e falou imediatamente numa mudança de planos. Afinal de contas já não iríamos mergulhar no local previsto. Na altura não achei muita piada à ideia, pois sabia que no tal recife poderia nadar com tubarões. Mas, após a sua explicação, nem contestei. No dia anterior uma turista tinha sido atacada por um tubarão. Um certo silêncio tomou posse de mim. Mesmo assim perguntei se seria possível nadar noutro recife onde poderia encontrar tubarões. A resposta foi redondamente negativa.

Com apenas o curso básico de mergulho não podia mergulhar abaixo dos 18 metros e muito menos nadar em águas com correntes fortes. Apesar de desapontado, aceitei e entendi com naturalidade esta impossibilidade.

Na minha cabeça um tal encontro com tubarões nunca estaria descartável por estas águas, mas com uma probabilidade muito menor. Chegou o momento!

Estava finalmente com outros mergulhadores num barco, prestes a entrar noutro mundo. E que mundo! Nadar nas profundezas do oceano é indubitavelmente uma experiência única. Com imensos recifes corais que abundam por estas águas, é impossível não nos deliciarmos com tantas e tão diversas espécies de plantas e animais. A cada segundo, os simpáticos peixes coloridos embelezavam este gigantesco aquário num autêntico mundo mágico. Apesar de não ter visto qualquer tipo de tubarão, a experiência foi fabulosa e suprema. Uma biodiversidade incrível nestas águas quentes e transparentes transformou esta pequena odisseia num deslumbrante passeio aquático.

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