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Cinco mil milhões de euros usados na recapitalização da CGD é muito dinheiro. E o “buraco” que lhe deu causa não é uma realidade abstrata, nem pode ser tratado como um incidente dos mecanismos de mercado. O capital da instituição não se esfumou. Exceção feita a umas tantas aventuras acionistas à margem do escopo do banco, foi a benefício de poucos, materializado em casas, herdades, carros, férias e contas offshore. Certos administradores mostraram-se incapazes de avaliar corretamente o grau de risco dos créditos concedidos ao longo de anos. Inexplicavelmente, em muitos casos, não exigiram sequer garantias capazes. A supervisão não interveio. Mais faltaria agora que, chamados os contribuintes a resolver o problema, não se tratasse de apurar as exatas circunstâncias em que tudo aconteceu.

Mas o que temos à Esquerda?

O Governo aumentou de 14 para 19 o número de administradores na CGD e subiu-lhes os salários, ao mesmo tempo que a Imprensa avança com a possibilidade do despedimento de milhares de trabalhadores. PS, PCP e BE acham bem. E em conjunto recusam uma comissão de inquérito, sob pretexto da “instabilidade” e do que há dias, num canal televisivo, a deputada Ana Catarina Mendes argumentou como sendo o inconveniente da “fulanização”. Pergunte-se, então: Que fizeram os deputados do PS, PCP e BE nas comissões de inquérito ao Banif, BES e BPN? Não recordará a deputada, aqueles que diziam “BPN, o banco do PSD”? Ou as manchetes dos jornais, titulando a propósito do BES, “PS quer ouvir Cavaco Silva”, “PS quer ouvir Passos Coelho”, “PS quer ouvir José Luís Arnaut”?

O que está em causa é fácil de ver.

Para o PCP, que defende a nacionalização da Banca, expor o que se tenha passado na CGD implicaria a queda do dogma das virtudes da gestão pública. O PS quer esconder o trajeto de alguns gestores escolhidos durante os governos de José Sócrates. E o BE – que já todos percebem justiceiro de faz-de-conta e para quando dá jeito – presta-se ao frete ao PS.

Pelo caminho, quando o setor financeiro mais precisa de isenção, transparência e regulação, é como se vê. Vítor Constâncio, ex-governante e secretário-geral do PS, ascendeu a vice–presidente do BCE. A socialista Elisa Ferreira foi escolhida para o Banco de Portugal. António Vitorino e Luís Campos e Cunha, ex-ministros do PS, integraram a administração do Santander Totta. E Teixeira dos Santos, ministro das Finanças até 2011, poderá presidir ao BIC. Competência à parte, fica a extraordinária coincidência do denominador comum.

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