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Venezuela: faltam jovens para a Festa das Fogaceiras

A crescente emigração de jovens lusodescendentes, que deixam a Venezuela à procura de oportunidades noutros países, põe em risco a preservação e a continuidade de manifestações de cultura portuguesa como a Festa das Fogaceiras.

O alerta foi dado no domingo pelo presidente da Associação de Amigos de Terras de Santa Maria da Feira, Rodrigo Ferreira, à margem das celebrações da Festa das Fogaceiras, que teve lugar no Centro Marítimo da Venezuela, com uma adesão inferior a anos anteriores.

“O risco de desaparecer está latente. Nós pensávamos não celebrar a festa este ano, mas tivemos a colaboração de algumas pessoas e do Centro Marítimo da Venezuela, que nos ofereceu as instalação para que realizássemos a festa, aqui, onde há 18 anos começou a festa das fogaceiras”, disse ao Diário de Notícias da Madeira.

Em declarações à Agência Lusa, Rodrigo Ferreira explicou que na festa participaram “menos gente que em anos anteriores, mas estamos contentes com a participação”.

“No passado apelávamos aos jovens para dar continuidade às tradições e nesse sentido já não temos a quem apelar, porque estão a ir embora do país. Estamos ficando apenas os velhos e não é que pode desaparecer, é que está em risco de desaparecer”, reforçou.

Segundo Rodrigo Ferreira “ao não haver jovens, ao não ficar uma geração de relevo, em 20 anos isto desaparecerá”.

“As tradições e os costumes estão condenadas a desaparecer”, frisou, explicando que este ano não foi atribuída a distinção de “Feirense do ano” devido ao ajustado do tempo em que decidiram celebrar a festa.

Por outro lado insistiu que está orgulhoso, “primeiro que tudo de ser português, de ser feirense”. E acrescentou: “dói-me no coração ver a situação que está a passar na Venezuela, porque também me sinto mais um venezuelano. Tenho 54 anos na Venezuela e isso pesa, é praticamente toda uma vida”.

“Estamos a ficar, na Venezuela, uma comunidade portuguesa de velhos, porque os jovens têm que buscar novas oportunidades, que hoje a Venezuela não oferece. Os nossos filhos vão para Portugal e outros países”, disse.

Esses jovens, refere, são “profissionais que têm títulos universitários e que passam muitas dificuldades para conseguir emprego, quando chegam a outro país”.

“A situação é diferente da que encontrámos quando chegámos aqui, que se quiséssemos trabalhar no dia seguinte, tínhamos oportunidade para isso”, frisou.

No início da festa, Rodrigo Ferreira pediu às autoridades portuguesas que prestem mais atenção à situação da saúde dos luso-venezuelanos radicados no país.

“O tema da saúde é importantíssimo porque não temos assistência, nem os nativos, os venezuelanos têm. Os medicamentos para qualquer tratamento, se se conseguem, porque há uma grande escassez aqui, têm um custo inacessível, porque não há capacidade económica para suportar esses custos. Eu próprio tenho tido que pedir medicamentos a Portugal, porque aqui não se conseguem, para um familiar que tem tratamento para toda a vida”, disse.

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