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Vale tudo

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Depois de assinar em Roma um documento que prevê listas transnacionais para o Parlamento Europeu, António Costa clarificou que afinal não as defende. Simultaneamente, em Bruxelas, Pedro Silva Pereira – que em 2011 já negociara a intervenção externa da troika – foi um dos 17 eurodeputados que aprovaram na comissão AFCO a proposta de criação destas listas, em prejuízo de Portugal.

Dizer uma coisa em Portugal, fazer outra em Bruxelas. No Governo e no PS, a política encara-se com a seriedade com que no comércio se vende banha da cobra. Para convencer eleitores incautos vale tudo. Até a mentira, que se avança impune.

Augusto Santos Silva, que por acaso é ministro dos Negócios Estrangeiros, entrou na discussão dizendo não perceber “em relação ao PSD e ao CDS, como podem ser hoje contra as listas transnacionais quando os seus eurodeputados, em 2015, votaram a favor de uma resolução que expressamente as recomenda”. Acontece que o CDS nunca votou tal resolução. Pelo contrário, foi sempre contra a possibilidade destas listas. Significa que o que o ministro disse é falso. Mas tudo passa e sobre o facto ninguém o questiona. Assim se vê a força do PS.

Para o que importa, fica então claro:

– Sem mandato da Assembleia da República, o PS aprovou no Parlamento Europeu uma proposta que pretende alterar radicalmente a forma de eleição dos eurodeputados portugueses;

– O PS alinha na consagração de eurodeputados de primeira e de segunda categoria, com perda de candidatos das listas nacionais, num risco que Vital Moreira explica e repudia;

– O PS aceita que os candidatos portugueses sejam escolhidos pelos dirigentes dos grandes países que controlam os partidos europeus e que, como é óbvio, beneficiarão, a começar, os seus interesses, distorcendo administrativamente e de forma pouco democrática a composição natural do Parlamento Europeu;

– Para o PS será normal que um partido europeu, que integre mais do que um partido português, possa excluir uns de listas, em favorecimento de outros;

– Ao PS não importa que se abra a porta a todos os radicalismos. Poucos serão os portugueses que sabem quem é o líder dos socialistas europeus. Mas conhecem certamente Marine Le Pen. As urnas darão a pior resposta a quem diz querer uma Europa mais unida;

– O PS não pondera sequer que para o Parlamento nacional dos estados federados se vote em listas estaduais e não nacionais. Significa que para prevalecerem sobre os países médios e pequenos, os federalistas dos maiores países conseguirão na UE o que rejeitam em casa, com o apoio do PS.

Simplesmente ridículo.

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