De que está à procura ?

Colunistas

Uma peça de mau teatro

A coordenadora do BE disse em entrevista que todos os dias se arrepende da geringonça. Mas foi a brincar. Catarina Martins, que é atriz, acredita genuinamente que pode fazer da política uma peça de teatro. E por isso encena. Ou seja, no caso, não se arrepende de coisa nenhuma. É só fingida. É tudo dissimulação.

O BE, tenhamos presente, vive o melhor de dois mundos. Encontrou no capricho das urnas e na ambição infinita de António Costa a fórmula parlamentar que lhe permite aceder ao poder, impondo delírios do coletivismo mais retrógrado e ao mesmo tempo renegar as consequências da qualquer mal que suceda. A geringonça foi – e é – a melhor coisa que podia ter acontecido ao BE. E o resto é conversa.

As Esquerdas animaram-se reciprocamente no disparate das reversões em barda que afugentaram os investidores e trouxeram desconfiança aos mercados, na imprudência da redução do horário de trabalho da Função Pública, que aumentou a despesa em tempos de penúria, no calote indecente aos credores por parte de um Estado que devia dar o exemplo e ser pessoa de bem, no atraso das devoluções de IRS, parcelas do trabalho de quem paga impostos neste país, na tributação do sol e da vista e muito mais. A economia portuguesa arrefece há cinco trimestres consecutivos e a dívida bateu todos os recordes. De cada vez que manda, a Esquerda repete-se nos resultados. Mas a culpa é sempre dos outros.

Para já, PS e BE tratam de transferir para a UE, transformada em protagonista vilã de conveniência, as responsabilidades próprias. Depois, logo se verá.

Catarina Martins reclama a reestruturação da dívida junto dos credores, que é como quem diz, licença para gastar o dinheiro dos outros e não pagar.

Mas, claro, para quem desbaratou durante anos os recursos que Portugal não tinha, sem fazer contas – o dinheiro não se evaporou, beneficiou poucos, à conta do sacrifício de muitos – nem uma palavra sequer.

Durante os governos de José Sócrates, entre 2005 e 2011, sem constrangimentos da troika, por decisão pensada, a dívida pública aumentou de 68% – valor sustentável – para 108% do PIB. E neste momento aproxima-se de 132% do PIB, num valor que em junho já ultrapassou 240 mil milhões de euros. Faz sentido. Sócrates à parte, o Governo de 2016 é essencialmente o mesmo que em 2011 nos entregou à sorte dos credores. Previsivelmente, agora não conseguirá melhor.

Já esteve mais longe o dia em que o BE deixará o PS cair sozinho, na culpa ficcionada de não ter ido tão longe, quanto Catarina Martins avisadamente quis.

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

TÓPICOS

Siga-nos e receba as notícias do BOM DIA