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Tradição dos “Lenços de Namorados” numa exposição interativa em Londres

A tradição das raparigas de Vila Verde, no Minho, que bordavam lenços para oferecerem aos namorados, vai ser alvo de uma exposição interativa no Festival de Artes e Humanidades da universidade King’s College, em Londres.

Além de uma mostra de vinte lenços autênticos com versos tradicionais, artesãs minhotas vão ensinar na quarta-feira os pontos básicos aos participantes numa oficina de iniciação à arte de bordar.

Os visitantes terão ainda a oportunidade de criarem os seus próprios lenços, escrevendo dedicatórias pessoais ou colorindo reproduções dos lenços da exposição.

Os “Lenços de Namorados” eram uma forma usada pelas raparigas do Minho para expressarem os sentimentos quando se aproximavam da idade de casamento, oferecendo-os ao homem com quem desejavam casar.

Nos lenços, escreviam pequenos poemas e decoravam com bordados de flores, aves ou corações coloridos.

Para confirmar o interesse, o homem usava o lenço, mas se o sentimento não fosse partilhado, o lenço era devolvido.

Pensa-se que tenha começado nos séculos XVII ou XVIII, pelo que os lenços são objeto de trabalho para o estudo sociológico da evolução da língua portuguesa e da história da escrita.

A tradição continua a ser reinventada pela associação Adere-Minho, cujas bordadeiras estarão em Londres para falarem e ensinarem como são feitos os “Lenços de Namorados”.

A iniciativa é promovida pelo Centro Camões para a Língua e Cultura Portuguesa do King’s College e dirige-se a estudantes da universidade, mas também alunos de português de escolas em Londres.

João Silvestre, diretor do Centro, afirmou à agência Lusa que a escolha desta exposição surgiu do tema do Festival, que é “Fabrication”, que em português se relaciona tanto com criação como com têxteis.

“Pareceu-nos que a tradição dos lenços de namorados do Minho respondia perfeitamente ao tema, tanto nos sentidos metafóricos, como no literal: os lenços são uma forma de escrever, aliada às artes manuais e ao saber artesanal”, vincou.

A exposição vai dar a conhecer não apenas os bordados, mas também os poemas e ditos populares com tradução multilingue em inglês, francês e italiano, chegando a académicos que se interessem pela literatura popular europeia e tradições culturais.

“Em outras culturas há tradições semelhantes de escrita bordada e os visitantes não deixarão de estabelecer comparações com as culturas de origem”, acrescentou.

 

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