Sinto a minha alma derreada
A debruçar-se sobre si
Acabrunhada e ressequida folha
Abandonada à flor do tempo…
Peço-lhe ainda um rasgo
Assomo de virtude
Um golpe de asa derradeiro
Que ao fôlego último do vento
Seja amparo.
Mas é Outono em mim…
Nanja que tarde
Quem sabe se não vem milagre:
A bátega de água capaz de apodrecê-la?
Talvez então com sorte
A acolha no seu íntimo recanto
O ventre maternal da terra-mãe
O impulso dessa flor que na raiz se acoita
Subentendida, silenciada e muda
Pronta a explodir
Num arraial sem cor
Desmaio deslumbrado
Deste último suspiro que não finda
Muito para além de morto…
Gonzaga, 09/04/2015
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