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Sócrates: o dinheiro na Suíça não é meu

José Sócrates garantiu não ser beneficiário ou titular dos 23 milhões de euros que o Ministério Público diz que o seu amigo Carlos Santos Silva tinha depositados em contas na Suíça e pertenciam ao antigo primeiro-ministro.

“Esse dinheiro não é meu. Nas contas da Suíça não apareço como beneficiário ou titular. Em mais de uma centena de buscas, não encontraram nada para sustentar a tese de que eu era o verdadeiro proprietário do dinheiro”, disse José Sócrates na segunda parte de uma entrevista à TVI, interpelado pelo jornalista José Alberto Carvalho.

Nas palavras do antigo líder do PS, não fazia sentido ter 23 milhões de euros e não existir “um papel que provasse isso”.

Tentando desmontar a tese dos investigadores de que Carlos Santos Silva, seu amigo há mais de 40 anos, é apenas um “testa de ferro” do dinheiro, Sócrates questionou como é que alguém que supostamente tem 23 milhões de euros pede três empréstimos à Caixa Geral de Depósitos (CGD).

“Carlos Santos Silva é o meu melhor amigo fora da política. É honesto e bondoso. Temos uma relação fraterna e nunca soube se tinha dinheiro em contas na Suíça, apenas que tinha meios de fortuna”, acrescentou.

Durante a entrevista, o ex-primeiro ministro negou que tivesse praticado uma vida faustosa em Paris, durante o período em que esteve a tirar o mestrado.

Sócrates explicou que, em 2012, quando foi viver para Paris, pediu um empréstimo de 120 mil euros à CGD e recebeu uma doação da mãe de cerca de 400 mil euros, resultante da venda a Carlos Santos Silva da casa desta em Lisboa.

Admitiu que mais tarde recorreu a empréstimos de Carlos Santos Silva e que, quando foi detido, em novembro de 2014, ganhava 25 mil euros por mês.

“Eu aceitei ser ajudado. Como não há crime, há pecado, vejo agora para aí alguns armados em brigada de bons costumes”, disse.

Enquanto esteve detido preventivamente em Évora relatou ter vendido a sua casa na Rua Castilho, em Lisboa, prédio onde a mãe também habitou, por 675 mil euros, tendo já pago 250 mil euros do empréstimo a Carlos Santos Silva.

Sobre o antigo governante Armando Vara, também arguido neste processo, Sócrates disse ser seu amigo e acreditar na sua inocência, mas recusou que tenha falado com este ex-administrador da CGD para pedir ajuda financeira para o projeto Vale de Lobo.

José Sócrates sublinhou nada ter a ver com o empreendimento de Vale de Lobo (Algarve), referindo que, no segundo interrogatório, os investigadores imputaram o seu envolvimento através da aprovação do Protal (Plano de Reordenamento do Território do Algarve).

“Protal e Vale de Lobo são acusações estratosféricas”, declarou.

José Sócrates, que se tornou no único chefe de Governo português a ser detido preventivamente em Portugal, está indiciado por corrupção passiva, branqueamento de capitais e fraude fiscal, num caso que envolve Carlos Santos Silva, o antigo ministro socialista Armando Vara, o administrador do grupo Lena, Joaquim Barroca, e o empresário Helder Bataglia ligado ao empreendimento Vale do Lobo, no Algarve, entre outros.

A investigação da Operação Marquês está a cargo do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), em articulação com a Autoridade Tributária.

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