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Recordando Tereza de Mello

© DR

Em 16 de Junho de 2008, minha amiga Tereza de Mello, escreveu-me, via correio eletrónico, declarando: “Se lhe disser que o blogue é a única coisa que alegra o meu dia, talvez não acredite; mas é verdade”.

Tereza de Mello, era pseudónimo de Maria de Lourdes Brandão e Mello, Senhora, que diariamente “conversava” comigo, via Internet.

Era velha fidalga, mas raramente falava-me de seus ilustres ascendentes. Para ela, o pai e mãe, eram apenas: pai e mãe, independente de apelidos herdados. Pelo menos, para mim, era assim.

Um dia destes, ao abrir velho computador portátil, há muito desligado, fui encontrar a brevíssima autobiografia, que ela, me mandou, quando, curioso, quis conhecer mais um pouco da minha querida confidente:

“Embora a família fosse conservadora, era muito aberta e simples. Dai eu ter tido uma infância tão feliz, na Ponte da Barca, para onde ia com a Mãe, em Maio até ao Natal. Brincava com todas as crianças da terra, descalças, algumas rotas; todos com piolhos. Éramos todos amigos de verdade: rapazes e raparigas. Agora, graças a Deus, estão todos bem na vida. Uns emigraram, outros foram para Lisboa, mas quando vão à terra, vão sempre visitar-me. Já crescida ia com eles, para as romarias, desfolhadas e vindimas. Dançava muito bem. Pertenci ao Rancho de Viana, o primeiro que se fez.

Depois, já mulherzinha, andava sozinha pelos montes, pelas margens do rio, e descobri sítios bonitos, com o barco “Deus te guie”.

Era muito piedosa, ia à missa todos os dias e rezava o rosário, no alto dos montes, como escrevi nos diários de então. Já não me lembro disso.

Tinha um irmão, e uma irmã, mais velhos, e completamente diferentes de mim.

Casei muito nova. Vim para Abrantes. Os primeiros anos foram muito difíceis. As pessoas de Abrantes não são nada recetivas. O meu marido vivia absolvido pela fábrica.

Dava por mim a dançar o Chula ou o Malhão, e acabava, sentada no soalho, quase sempre a chorar”. (Contou-me, que certa vez, o marido, a surpreendeu a dançar. Ficou muito corada e envergonhada.). As minhotas são especiais.

Em 40 anos de casamento, aconteceram muitas coisas, como é normal: boas e más…”

Continua, tratando assuntos pessoais, que não devo revelar.

Era esta Senhora, grande amiga. Em nova, nos primeiros anos de infância, viveu na Rua Domingos Sequeira, em Lisboa, e em Ponte da Barca, onde tinha casa.

Pareceu-me justo, lembrar a memória de alguém, que me marcou grandemente, e foi grande impulsionadora, para que o meu modesto blogue, fosse criado.

Hoje, graças o apoio de muitos, tem amplos leitores, principalmente na Grande São Paulo; mas também é lido em África, nos USA, no Canadá, e em muitos países da Europa. Alguns artigos têm sido transcritos na imprensa e publicados em sites como é o caso deste, o BOM DIA.

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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