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O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, segura uma bandeira de Portugal durante uma visita à Escola Secundária José Gomes Ferreira no âmbito da iniciativa “Redescobrir a Terra” em Lisboa, 18 de abril de 2016. MÁRIO CRUZ/LUSA

Que Marcelo Rebelo de Sousa apele a consensos – a Imprensa leu nisso recados – entre quem governa e quem faz oposição pode, reconheço que com algum esforço, mostrar-se normal num presidente da República que por inerência de função quer representar mais do que a sua denominação política de origem e aspirará legitimamente à reeleição quando a questão se puser.
Mas que o PS aplauda de pé e critique outros à sua direita por não corresponderem ao apelo, quando a vida é feita de circunstâncias e as recentes ainda não cicatrizaram, revela uma hipocrisia sem tamanho.

Há seis meses, quando o PSD e o CDS venceram as eleições, mas não alcançaram a maioria absoluta, houve outro presidente que apelou igualmente a consensos, com maioria de razão. O esforço era pedido ao PS que perdera a disputa.

O PS, contudo, limitou-se a apoucar sentado e promoveu a rutura absoluta, barricando-se no Governo sozinho. O amparo interesseiro dos dois outros perdedores não invalida o facto. E Aníbal Cavaco Silva, recorde-se, foi por esta Esquerda – hoje apreciada porque apela à união – chamado de “chefe de fação”, “torpedo”, “corifeu das lamúrias”, “nada” e “zero”.

Como é óbvio, porque a vida é feita de memória, a pose de agravo de António Costa, perante o PSD e o CDS que ameaçam recusar-lhe o colo, a par da censura de algum comentário político que até faz barómetros, mas que em relação ao PS simplesmente calou, extravasa a pantominice.

Consta que o PCP e o BE não aprovarão o Programa de Estabilidade, se for a votos. Seja a recusa genuína e concretizada (duvido), ainda ouviremos dizer que a culpa foi da Direita e não da geringonça travestida de maioria estável e duradoura à Esquerda.

A propósito; o Conselho de Finanças Públicas considerou o cenário macroeconómico assumido pelo Governo “excessivamente otimista”. Do lado do PS, o incómodo feito insulto não tardou, com João Galamba a acusar o Conselho de avaliar de acordo com “uma determinada ideologia”. Lamentará certamente que o organismo não aceite elevar à categoria de ciência o pedaço de anedota que o PS apresentou ao país em 21 de abril do ano passado – “Uma década para Portugal” – quando o “grupo de sábios” do partido consagrava Yanis Varoufakis no estatuto de guru inspirador.

Valha-nos também a paciência infinita e pedagógica de Teodora Cardoso, que explica o que só o PS e apêndices não conseguem perceber. O Conselho segue critérios “de racionalidade económica”. E “só as políticas de procura não resolvem o problema português”.

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