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Publicidade enganosa

Este Governo é marketing puro. Investe na comunicação, acreditando que a política não é o que é, mas o que parece. Anuncia o que não faz, garante o que não consegue, diz uma coisa e o seu contrário e mesmo assim convence muitos. Se há moral na história, é que a publicidade enganosa rende votos.

Mário Centeno vendeu a novidade de que “todos os escalões de IRS vão sofrer um desagravamento fiscal em 2018”. Acontece tratar-se apenas da extinção, no fim de 2018, de uma sobretaxa que em 2015 o PS prometera para o dia 1 de janeiro de 2017. Significa que há contribuintes crentes, que aplaudem como nova medida o que afinal não passa do incumprimento de uma promessa eleitoral, como antes saudaram cada aumento dos impostos indiretos, anunciados em conferências de Imprensa como devoluções de rendimentos às famílias.

O princípio vale para a reação do Governo, sobre a recente reavaliação de Portugal pela Standard & Poor”s (S&P).

Governando miseravelmente até 2011, o PS arredou Portugal dos mercados, negociou o resgate financeiro, a intervenção externa da troika e impôs ao país a classificação de “lixo”, decidida por todas as agências de notação financeira. Agora que a S&P – apenas – decidiu melhorar um bocadinho o nível, António Costa permitiu-se dizer que “foi o Governo PS que “virou a página do “lixo””. É extraordinário.

Houvesse sentido de decência na forma como a “geringonça” faz política, o primeiro-ministro começaria por pedir desculpa pelos 6 anos de uma classificação forçada de “lixo” que nos envergonha. Agradeceria depois ao PSD e ao CDS o trabalho mais difícil; as reformas estruturais, o fim do ciclo da troika, a devolução do país aos mercados, a redução do défice de mais de 11 % do PIB em 2010, para 2,98% em 2015 e a alteração positiva dos principais indicadores macroeconómicos. Finalmente, sentiria vergonha de afirmar, como fez, que a reavaliação da S&P foi “um passo muito importante”, depois de em julho de 2015 ter dito: “A minha classificação sobre as agências de rating é que são lixo. (…) É uma gente que já demonstrou não ser minimamente credível, fiável. “Na geringonça não há pudor, tão-pouco respeito pelo próprio pensamento. Vale tudo. E o PS não se distingue do BE. Como António Costa, também Catarina Martins dizia em maio de 2015 que “as agências de rating são um lixo que devemos ignorar. Em setembro de 2017 já entende que “é importante ouvirmos o que as agências de rating têm para nos dizer”.

Quando as convicções têm a consistência da plasticina, estas coisas acontecem. Pior, não falta quem não se importe.

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