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Psicóloga em seis países diferentes: Ainda nos EUA

Em Harvard, eles têm uma clínica de atendimento a pacientes de expressão portuguesa. Foi a primeira clínica. Nasceu no fim dos anos 70. A chamada clínica étnica. De Harvard.

Surgiu, exactamente, para tratar dos açorianos. Havia muitos emigrados lá.

E há poucos estudos sobre esta clínica. E, portanto, eu fui para um centro em que, devido à directora ser de Puerto Rico, há muita coisa a nível dos latinos oriundos dos vários países da América Latina. Mas há pouca coisa relativa aos emigrantes de expressão portuguesa. Então, achei que fazer investigação sobre eles, sobre a clínica portuguesa seria uma grande oportunidade. Ainda por cima porque na em cima da mesa dos políticos estava a intenção de fechar aquela clínica com o argumento de que toda a rede de serviços de saúde era culturalmente competente.

Comecei então a investir muito nessa clínica e nessa área. E, se calhar aquilo que me fez ficar até ao dia de hoje ainda ligada aquele centro. Fiz um estudo com um economista de lá que cheguei a apresentar numa conferência americana enorme com mais de 3 000 pessoas. Era a única a falar de emigrantes de expressão portuguesa.

É giro porque ao longo deste tempo e desta passagem por vários países, apercebo-me que fui uma embaixadora do meu país. E não represento apenas os meus concidadãos que residem em Portugal mas também aqueles que estão por esse mundo fora. Posso defende-los porque se calhar tenho mais estudos e estou em reuniões em que se calhar se tomam decisões interessantes para eles.

E isso é giro porque enquanto Psicóloga nunca me imaginei a ter esta missão. Imaginava-me a defender talvez cidadãos com deficiência e respectivas famílias na cidade do Porto.

Durante estes anos em que estive em diferentes países mantive um hobby que é a pintura. Não sou perfeita. É tudo muito abstracto. Era uma espécie de terapia como costumo dizer. Quando se está sozinha num país e não se tem família, se calhar, dedicamo-nos mais aos nossos hobbies. E, na Alemanha partilhei atelier com um pintor que tem algum nome. Na Suíça também fiz alguns quadros.

E há uma coisa engraçada. Eu deixei tachos, panelas, roupa, e tal em todos os países por onde passei. Mas, se há coisas que trouxe, foram as minhas obras de arte e os meus livrinhos com reflexões pessoais.

Aquando do regresso a Portugal, cheguei a fazer exposições de pintura com carácter social. Numa delas pus excertos de pacientes que tinha acompanhado noutros países, ou de entrevistas que tinha feito, para cada quadro. A ideia era: mostro o quadro, mostro quem sou mas, mostro, também, o meu currículo e a saúde mental. O que é que é a doença mental. E, destigmatizo, desta forma, o que é ser um psicólogo, ou o que é que é a saúde mental.

Foi uma experiência engraçada e, às vezes, é daquelas coisas que surgem com coisas que temos em casa. No meu caso foram os quadros. Depois, entretanto, como fiz essa exposição, pediram-me para, colaborar numa exposição colectiva.

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