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Província canadiana de Nova Escócia acolhe 4.000 emigrantes e lusodescendentes

© Nova Scotia Tourism and Culture/W. Hayes

A província de Nova Escócia, no oeste do Canadá, acolhe atualmente uma comunidade de cerca de 4.000 emigrantes e lusodescendentes mas, por ali, a presença portuguesa remonta ao período da descoberta do continente americano.

Halifax é a capital da província de Nova Escócia e ali foi erguido um monumento que assinala a suposta chegada do navegador português Álvares Fagundes a este território, em 1520.

Depois, no início do século XVI, há registos de portugueses que pescavam bacalhau em toda esta costa.

Já em 1953, começou o fluxo de emigrantes portugueses para o Canadá, após a assinatura de acordos bilaterais entre Portugal e este país da América do Norte.

Foi precisamente em Halifax que, no dia 13 de maio de 1953, desembarcaram os primeiros 77 emigrantes portugueses que viajaram a bordo do paquete Saturnia. Desta cidade espalharam-se por outras províncias, como Ontário ou Quebeque.

António Rodrigues, natural de Sever do Vouga, no distrito de Aveiro, tentou emigrar para o Canadá em 1953 mas ainda não tinha 22 anos, a idade permitida para a viagem.

À agência Lusa contou que em Portugal tinha uma “vida muito difícil”. Foi para Moçambique e já tinha 29 anos quando chegou ao Canadá, onde o início de vida “foi também duro”, principalmente por causa da barreira da língua.

Começou por trabalhar numa fábrica e só mais tarde pôde exercer a sua profissão de carpinteiro.

Hoje, aos 84 anos, não pensa voltar para Portugal porque tem toda a família em Halifax. Mas viaja, pelo menos, duas vezes por ano até à terra natal.

“É o nosso Portugal, é a nossa terra, de maneira que não nos devemos esquecer”, frisou.

Miguel Amaral, com 65 anos, veio de Viseu para Halifax há 53 anos. Lembrou que, na altura, a comunidade portuguesa era maior e garantiu que gosta de viver nesta província do Canadá, onde os emigrantes “estão muito bem inseridos”.

Lília Forte, de 34 anos e natural de Coimbra, chegou a Halifax em setembro, depois de ter passado oito anos na capital do país, Otava, e está a escrever a tese de doutoramento.

À Lusa disse que a sua integração passou muito pelo Clube Social Português da Nova Escócia, que reúne a comunidade portuguesa mas onde, curiosamente, chegou por intermédio de amigos brasileiros.

“É lá que encontramos os portugueses e os portugueses emprestados. Halifax é uma cidade acolhedora, muito mais parecida com Portugal do que com o interior do Canadá. As pessoas são muito mais simpáticas e conversam mais”, salientou.

Um dos episódios mais negros da história de Halifax está relacionado com uma das maiores explosões ocorridas antes da utilização da bomba atómica.

O acidente ocorreu em 1917, no porto, depois da colisão entre o navio francês Mont-Blanc, carregado de explosivos, com o navio belga Imo de tripulação norueguesa.

Cerca de duas mil pessoas morreram, milhares ficaram feridas e uma parte da cidade foi destruída, pois a explosão ocasionou um ‘tsunami’ que arrancou árvores e derrubou muitos edifícios.

A explosão no navio Mont-Blanc formou uma bola de fogo que atingiu cerca de 1,6 quilómetros no ar, semelhante, embora em menor escala, “ao cogumelo” formado pela bomba atómica em Hiroshima. A explosão foi ouvida em Charlottetown, localizada 175 quilómetros.

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