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Portugueses não ganharam para o susto no atentado neutralizado de Bruxelas

Foram apanhados no meio de um ataque de pânico geral, esta terça-feira, no coração turístico de Bruxelas. As forças de segurança acabaram por neutralizar um homem depois de uma explosão na estação central da cidade.

Ninguém sabia porque corria, mas não era tempo de parar para pensar. Miguel Melo e Ana Pereira estavam entre as centenas de pessoas que, de um segundo para o outro, fugiram pelas ruas do centro da capital belga, em pânico, na sequência de movimentações súbitas da polícia na Grand-Place – o local que mais turistas reúne em Bruxelas.

“Estávamos sentados no chão, a olhar para os edifícios e de repente vimos pessoas a correr. Quando nos levantámos, eu vejo polícia a correr na nossa direcção com a arma em punho”, contou Miguel à Rádio Renascença. Ana acrescentou que os polícias estavam “aos berros, em francês, a dizer para as pessoas andarem rápido”.

Em segundos, uma multidão invadiu todos os cafés e hotéis das ruas circundantes. A polícia instruiu os funcionários para abrigar as pessoas no fundo dos estabelecimentos e não deixar ninguém chegar perto das janelas. Os dois portugueses refugiaram-se num hotel junto à fonte de Charles Buls.

Soube-se pouco depois que uma pessoa tinha sido neutralizada por soldados ali mesmo ao lado, na estação central de Bruxelas, depois de ter causado uma pequena explosão ocorrida pelas 20h00 (hora de Lisboa).

O procurador federal classificou a ocorrência como um “incidente terrorista”, que obrigou ao bloqueio de todas as ruas em volta.

“No início é um bocado estranho, pensa-se com as pernas”, recorda Miguel. “Tenta-se procurar só as pessoas que conhecemos para ver se estão bem e correr numa direção – que neste caso até descobrimos que não era a melhor, estávamos a dirigir-nos para a zona má sem saber”.

Miguel e Ana são engenheiros, estavam há dois dias na Bélgica em trabalho, numa cidade a 30 quilómetros de Bruxelas, e esta terça-feira decidiram visitar a capital. Até acharam que tinham tido sorte por conseguirem estacionar o carro mesmo ali ao lado da estação central – uma das principais gares de comboios da cidade. Acabaram por ficar várias horas sem acesso ao carro, obrigados a acompanhar o desenrolar dos acontecimentos mesmo em cima das fitas da polícia que cercavam a área.

Passado o susto, procuravam sorrir e descarregar a tensão, mas receiam que a experiência deixe marcas incontroláveis. “Nós somos do Porto, que está sempre muito cheio à noite, e tenho plena consciência que, quando estiver ali na zona da baixa e ouvir algum barulho mais estranho, vou reagir de maneira diferente dos meus amigos. Vou estar mais alerta”. Mas esperam que não passe disso, “porque seria ceder ao medo”.

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