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Português passa de empregado a dono da maior empresa de limpeza do Canadá

José Correia começou a trabalhar há quase 50 anos em Winnipeg, Canadá, como simples empregado de limpeza. Hoje é dono da maior companhia de limpeza e manutenção do país, tudo porque fugiu à guerra colonial.

“Era filho único. O meu pai teve medo que fosse chamado para cumprir serviço militar. E como ele já estava em Winnipeg há um ano, chamou a família para se juntar a ele”, explica José Correia, presidente da Bee-Clean Building Maintenance, natural de Albufeira.

Emigrante com 15 anos, em 1967, José Correia não teve problemas na adaptação pois já sabia um pouco das línguas oficiais do Canadá, o inglês e o francês.

Cedo começou a trabalhar no ramo da limpeza e da manutenção, numa fase inicial em ‘part-time’, tendo decidido melhorar o inglês, estudando à noite.

“Como os portugueses eram conhecidos como trabalhadores e de confiança, vi que haviam condições para se fazer uma boa coisa”, recorda.

Aprendeu soldagem, eletricidade e desenho, numa altura em que a vaga de imigração portuguesa para o Canadá estava no seu auge e era fácil recrutar “trabalhadores portugueses”.

Em 1967, fundou a Bee-Clean, um projeto de uma vida que agora entra numa fase de internacionalização. “Fiz muita limpeza com o meu sócio. Éramos dois, depois três, quatro e aí em diante. Primeiro os portugueses e hoje temos funcionários também de outras comunidade”.

A empresa rapidamente começou a operar no oeste do Canadá, desde Alberta à Colúmbia Britânica, ficando aquela área sob a responsabilidade do sócio do luso-canadiano, Bryan Gingras.

A cargo de José Correia ficou a região de Saskatchewan até ao Ontário, numa área do centro e sul do Canadá.

Há oito anos a empresa expandiu-se para o este do país, para o Quebeque, e há três anos para a Nova Escócia.

A Bee-Clean Building Maintenance opera em edifícios governamentais, aeroportos, hospitais, bases militares, escritórios, supermercados, e também congrega manutenção manual desde a substituição de lâmpadas a pequenas reparações elétricas.

“Só para os cinco maiores bancos do Canadá fazemos limpeza em três mil edifícios. Limpamos 400 mil pés quadrados por dia. A companhia tem mais de 12 mil empregos só no Canadá”, explica José Correia.

Atualmente, 40 por cento dos funcionários são de origem portuguesa, um número que, no passado, já esteve “acima dos 60 por cento”.

Há sete anos expandiu-se também para o arquipélago dos Açores, e brevemente vai começar a operar no mercado chinês num “projeto muito ambicioso”.

O empresário português diz que não se esquece do tempo em que era empregado e tenta refletir isso na gestão do negócio.

“Tentamos tratar o nosso pessoal como parte desta nossa família. São os empregados que nos fazem o trabalho. É graças a eles o que somos hoje. Tratamo-los como gostávamos de ser tratados, tem sido essa a visão”, frisou.

José Correia foi reconhecido em 1998 com o Prémio Empreendedor do Ano pela Ernst and Young, em 2003 como Empreendedor do Ano pela BOMA, na região das Pradarias e, em 2015, foi incluido no Passeio da Fama de Luso-canadianos em Toronto.

Oficialmente há 429 mil portugueses e lusodescendentes no Canadá (censo de 2011), estando a grande maioria localizada no Ontário. Na província do Manitoba, cuja capital é Winnipeg, calcula-se que existam cerca de 30 mil.

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