As notícias vinculadas recentemente pela generalidade da imprensa são reveladoras da dimensão (des)estruturante do fenómeno migratório na sociedade portuguesa.
Sustentados no último relatório do Observatório da Emigração, uma estrutura técnica e de investigação independente criada com base num protocolo assinado, em 2008, entre o Instituto Universitário de Lisboa e a Direção Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas, os cabeçalhos dos órgãos de informação são expressivos e reveladores: “Portugal é o segundo país da Europa com mais emigrantes”.
Os dados atualizados do Observatório da Emigração indicam que durante o ano de 2015, o número de saídas de Portugal para o estrangeiro manteve-se inalterado, ou seja, mais de 100 mil compatriotas procuraram sobretudo em países como o Reino Unido, a França, a Suíça, a Alemanha e Angola, melhores condições de vida e de trabalho que a pátria de Camões teima ciclicamente em não conseguir proporcionar a parte significativa dos seus filhos.
Entre os países mais procurados pelos emigrantes portugueses encontram-se ainda Espanha, Bélgica, Moçambique, Luxemburgo, Holanda, Brasil, Dinamarca, Estados Unidos, Canadá, Áustria, Noruega, Itália, Suécia, Irlanda e Macau.
A nível europeu, acima de Portugal na triste sina de “país de emigração” só se encontra a república de Malta, cuja população estimada não ultrapassa meio milhão de habitantes e que tem 24,7% dos seus naturais emigrados. No caso português, segundo dados da Organização das Nações Unida em 2015 viviam no estrangeiro 2,3 milhões de lusitanos, isto é, 22% da população.
Enquanto da parte de todos os agentes e responsáveis políticos portugueses não se concertar uma estratégia, uma visão de futuro para o país, os dados da emigração permanecerão inquietadores e denunciadores da desertificação, empobrecimento, e envelhecimento de Portugal.