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Portugal encheu o coração de Paris este fim-de-semana

Os petiscos e vinhos portugueses foram “alimentar uma curiosidade” sobre Portugal, um país “muito na moda”, na Festa das Vindimas de Montmartre, em Paris, que teve lugar este fim-de-semana.

As palavras são de Ana Sofia Oliveira, cofundadora da empresa que organizou a ação de promoção, My Genuine Portugal, e que falou em “loucura total” quando questionada sobre o balanço da festa, em que Portugal é o país convidado de honra e cujos ‘stands’ abriram ao público na sexta-feira.

“Viemos alimentar uma curiosidade. Portugal está muito na moda, algumas pessoas já foram, outras querem ir, nos dois casos adoraram a ideia de poder consumir produtos portugueses de qualidade e, ainda por cima, coisas novas, coisas que claramente nunca tinham ouvido falar. Tem sido a loucura total na verdade”, afirmou Ana Sofia Oliveira.

A responsável precisou que, ao último dia, “há produtores que esgotaram os seus produtos” e que a rua onde está uma parte dos ‘stands’ portugueses, ao lado da Basílica do Sacré-Coeur, esteve cheia de gente e que a enchente pendeu para o lado luso face às barracas de produtos franceses.

O balanço positivo da presença portuguesa na festa das vindimas poderá levar a repetir a experiência para o ano, ainda que Portugal não seja convidado de honra, “o que não impede que seja um ‘rendez-vous’”, acrescentou Dina Carvalho Sanches, também cofundadora da My Genuine Portugal, a empresa que identificou outros eventos noutros países para promover Portugal como destino gastronómico.

Nos ‘stands’ portugueses estiveram representadas as regiões de Coimbra, Beiras, Serra da Estrela, Tâmega e Sousa e Trás-os-Montes com produtos como cavacas de Margaride, caramujos do Luso, almendrados de Coimbra, gamelinhas de Góis, fumeiro de Tábua ou licores de ginja, entre muitos outros petiscos, além dos vinhos.

De fatia de pão-de-ló de Margaride na mão, o austríaco Herwig Mader mostra-se deliciado pela doçaria que prova pela primeira vez e diz que se parece “com alguns bolos tradicionais da Áustria”, avançando que gostaria de ir a Lisboa, “uma cidade na moda” porque “é bonita, barata e tem boa comida”.

A parisiense Nicole Ducin optou por provar o mel da Serra da Lousã que descreveu como tendo “um bom sabor ainda que não se sinta a flor de urze” e diz ter gostado, enquanto, ao lado, António Pereira, um português que vive em Paris há quase 30 anos, prova um copo de vinho verde de Amarante “mais pelo sabor que pela saudade” porque faz as compras regularmente em supermercados portugueses na região de Paris.

No stand da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, que engloba 19 municípios, está escrito a giz, num quadro de lousa, “Gâteaux de Tentúgal et chanfana”, sendo, precisamente, os pastéis de Tentúgal e a chanfana alguns dos produtos mais procurados, a par dos vinhos e do mel da Lousã, de acordo com Paula Silvestre, chefe de divisão da CIMRC.

“Eu acho que é muito positivo. Tem sido bastante interessante ver as pessoas que nos procuram. Temos visto, realmente, quer os residentes em Paris, os franceses, os portugueses que aqui estão e também os estrangeiros que aproveitam para nos contactar e usufruir um bocadinho daquilo que nós temos de melhor”, acrescentou Paula Silvestre.

Os sabores regionais também suscitaram memórias e reafirmaram identidades, afirmou Mário Nicolau, assessor de comunicação da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, apontando que “lusodescendentes que ouviram familiares falar do mel da Lousã, da chanfana, do pastel de Tentúgal têm vindo, provam e ficam maravilhados”.

O ‘chef’ Rui Silvestre, detentor de uma estrela Michelin no Restaurante Bon Bon, esteve no stand da “Taste Portugal”, um programa de internacionalização da gastronomia portuguesa da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, e cozinhou Bacalhau à Braz, “um dos melhores pratos do mundo”, sendo “uma honra e muito recompensador estar a representar Portugal”.

“As novas gerações começam a recriar os receituários tradicionais, a cozinha tradicional e a cozinha regional através de novas técnicas. Os produtos continuam os mesmos, a essência continua a mesma, nós temos novas técnicas, novas máquinas para trabalhar e, portanto, a nossa obrigação é melhorar aquilo que já é bom”, afirmou o ‘chef’ à Lusa.

Rui Silvestre, que já trabalhou em Paris, rejeitou ter receio das comparações com outras “estrelas Michelin” de França e recordou uma frase do ‘chef’ português Vítor Sobral: “Sou português mas sou do tamanho dos outros”.

“A nossa gastronomia é enorme. Temos que parar com o complexo de inferioridade e temos que mostrar o quanto somos bons, quantos bons produtos nós temos e quão orgulhosos nós somos de os ter”, concluiu o ‘chef’ que também esteve a apoiar a apresentação da a Rede de Restaurantes Portugueses no Mundo, a iniciativa central da “Taste Portugal”.

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