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Poema-lampo

Diz-me, amor, onde estão
o Afonso, a Inês, o Telmo e o Samuel
os quatro cavaleiros de génio do meu génesis
e o professor, o astronauta, o arquitecto,
o balde de legos, o carnaval dos pobres,
e todo o rancho da minha infância de redoma
e todo o séquito de heróis dos mundos que me inventei transviei-me nas viagens que não fiz nem pelo equador nem pela via láctea, nem pelo meu quarto?…

Onde paira o marinheiro do Ó
para que lado fica o crespúsculo
no montado deitado
o apartamento novo de grandes janelas indiscretas
que deixavam o sol penetrar o teu vestido
onde estão as tuas canções, as promessas vãs,
o futuro do fruto do teu ventre bom
hoje são estrume amontoado pelo chão
folhas velhas que apodreceram
no paço vazio e sombrio do meu Outono temporão?

Diz-me amor, se o Amor é como os figos
doce, frágil, colorido e pegajoso
mas que não consegues parar de comer
lambuzando mãos, lábios, queixo e tudo
mas pedes mais e nunca te sentes enfastiado?

Diz-me Amor, porque me falas das mulheres que me desejam se me lembro apenas das que me traíram,
efeitos secundários da brisa que já sopra do Lethes?

JLC28042008

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