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Como pode ser feliz um infeliz..

Como posso escrever sobre
a infelicidade de não ser feliz…
Como posso escrever sobre a felicidade
que paira em mim, se dela nada sei…
Não sei como os poetas, os escritores,
os filósofos, conseguem,
ou conseguiram escrever sobre
estados d’alma… ela, a alma,
é tão grandiosa,
tão poderosa, ao mesmo tempo
tão pequenina e fraca!
Muito fraca!
Alimenta se de tanto e de tão pouco…
É carnal mesmo que
aparentemente não se veja…
Ela vive em constante inconstância,
ela vive entre o ontem e o hoje, entre o amanhã e o a seguir…
Vai e vem, tantas, mas tantas vezes
que deixa uma pessoa confusa…

Será que devo, será que não devo,
será que penso, será que não penso?
E o pensar é tão relativo…
E eu posso pensar que penso,
e no final não penso nada…
Eu posso pensar que sou grandioso,
e no final, no final não valho nada…
Eu posso confundir-me num corpo de Mulher, e no final, no final nem eu sei se pairo
no corpo certo…
Eu penso que ela,
a alma,
é grande,
é incolor, a olhos vistos, claro…,
e no final,
no final, quiçá,
não é rigorosamente nada disso

Eu até posso achar, ou pensar
que o céu é azul…
E daqui a nada, descubro que afinal,
não é nada…
O tudo pode ser nada…
O nada, o nada pode ser tudo…
E vivemos aqui na corda bamba do tudo
e do nada numa constante ilusão ilusória daquilo que o que poderia ser afinal não o é,
e o que é, afinal poderia não ser…

Penso que penso…
E afinal, não penso nada!
Penso que escrevo…
E afinal, não escrevo nada!
Penso que não sou, e afinal,
afinal sou tudo…
Sou tudo o que não sou para uns,
e tudo que sou para mim…
e afinal,
não sou nada!
Porque o nada e o tudo,
a alma, e a não alma,
o céu e a terra… afinal o que são?
Um tudo e um nada, balanceados
num cheio vazio de tudo,
num tudo vazio do cheio…
Tudo sem nada, e nada com tudo


No chão, de cabeça erguida,
De cabeça erguida e no chão…
Um paradoxal estado de vida,
em que o tudo e o nada imperam…

Impera a chuva que não se sente,
o vento que nos toca a alma,
aquela que não se sabe ao certo se se preenche de um tudo ou de um nada,
dum vazio ou dum cheio império…
Quiçá…

Impera a inspiração conflituosa entre o bom e e o mau, onde ainda não se sabe ao certo qual dos dois prevalece…

Entre o tudo e o nada, decidido a ser alguém cheio de tudo e vazio de nada, em que a criança prevalece num interior conturbado, meio religioso, meio ateu, e no final moro em mim, sem no final saber nada do que sei e tudo do que não sei…
Sem ao certo ter certezas…
E as questões ficam, entre um vai e vem de um tudo e de um nada…
Pairam em mim…
E por cá ficarão, sem no final ter uma única resposta concreta, segura, e nem mesmo realista…
Porque este é o mundo em que moro
com a minha alma…
A conturbada mente da alma,
em que se deixa levar
por o tudo e o nada…

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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