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Pintor português Armando Alves na FauveParis

A leiloeira parisiense FauveParis, fundada pelo lusodescendente Cédric Melado (na foto), tem patente “uma antologia breve” do pintor português Armando Alves até 25 de março, na capital francesa.

A exposição, inaugurada esta quarta-feira, conta com 14 obras do pintor realizadas entre 1955 e 2016, percorridas pelo “espírito das paisagens do Alentejo”, disse o artista à agência Lusa, evocando a “linha do horizonte e o céu imenso”, assim como “o compartimento das terras”, “as várias cores que têm a ver com as estações do ano e as horas do dia” e até “o barulho dos pássaros”.

“Um dia resolvi que o Alentejo era a minha fonte de inspiração e tem sido até aqui e há-de ser até ao fim do mundo, porque isto é inesgotável. As paisagens que eu faço não são propriamente paisagens que existam, são, se quiser, o espírito das paisagens do Alentejo (…) Não é uma pintura figurativa, é uma pintura transformada, mas que tem essa essência”, descreveu.

Com a exposição “Uma Antológica Breve”, Armando Alves regressa à capital francesa onde tinha exposto na II Bienal de Paris – Jovem Pintura, em 1961, na exposição “Os Quatro Vintes”, na Galeria Jacques Desbrières, em 1970, e na FIAC (Foire International d’Art Contemporain), onde teve uma exposição individual no stand da Galeria Nasoni, em 1988.

“É sempre importante [expor em Paris] porque, no fundo, Paris é uma referência em relação às artes. Esta exposição resultou de um encontro com o Cédric [Melado] e um amigo nosso comum do Porto. Fizeram-me o desafio e eu obviamente que aceitei esse desafio com todo o interesse e entusiasmo”, contou Armando Alves.

Para escolher as peças que dessem uma ideia do seu percurso artístico, “desde que era aluno da Escola Superior de Belas Artes do Porto até hoje”, Armando Alves foi à sua coleção pessoal.

“Ao longo dos anos, em todas as exposições que fui fazendo, guardei sempre algumas coisas para mim. De maneira que estas coisas que estão aqui são as coisas que eu sempre guardei para mim. Era eu, artista, a funcionar como colecionador. É poder mostrar uma evolução para que as pessoas que não conheçam fiquem a conhecer melhor”, continuou.

Cédric Melado, diretor da leiloeira FauveParis, “sempre trabalhou com o Porto” e quis “dar mais um passo para ligar a França e Portugal”, através desta exposição antológica que vai estar aberta entre as 13:00 e as 21:00 (hora de Paris).

“Vê-se o percurso de um pintor que começou nos anos 50 como aluno da Escola de Belas Artes do Porto e vê-se a evolução. Nas peças mais recentes, há uma luz, a luz do Alentejo, que é muito forte. Entre a luz do Alentejo e o mar de Matosinhos, há sempre este conjunto que resume o nosso país”, descreveu Cédric Melado que, em 2010, ao serviço da leiloeira Tajan, vendeu o quadro “Saint-Fargeau”, de Maria Helena Vieira da Silva por mais de um milhão e 300 mil euros, o valor mais alto pago por uma obra de um artista português.

Com o mesmo “espírito de antologia” da exposição na FauveParis, Armando Alves quer “encher” a Baganha Galeria, no Porto, em novembro, com “uma exposição de grande referência”, para a qual está a realizar “três peças, a partir dos objetos que fazia nos anos 60, que nunca tinha executado”.

Armando Alves nasceu em Estremoz, em 1935, fez o curso de pintura na Escola Superior de Belas Artes do Porto, onde foi professor assistente entre 1962 e 1973, e formou, em 1968, o grupo “Os Quatro Vintes”, com Jorge Pinheiro, José Rodrigues e Ângelo de Sousa, estando a obra deste último atualmente em exposição na delegação francesa da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris.

O artista tem exposto frequentemente em Portugal e no estrangeiro e está representado em diversas coleções particulares e organismos públicos.

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