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Peça em 4 actos para figurante

Hoje estou cansado

dos amores perfeitos
das rosas ofertadas
dos quartos de hotéis sem nome
das viagens incansáveis
do coração indomável
que se derrete por um beijo
das paixões ardentes
que se terminam em peitos
esventrados e cadentes

das noites de cio balofas
que se extinguem na inação do nada
dos desejos reprimidos,
dos seios oprimidos
do teu respirar ofegante e descontinuado
do medo alheio que te fere sem saber
da alma pura que não se aventura
e desconhece que, assim, envelhece

E
dos haikus merdosos
do poeta prolixo e ranhoso
que invoca deus e o amor
sem nunca ter cruzado um
e ter humilhado o outro,
É indignado? Não, é indigno!

E depois existo eu,
no interstício abissal dos átomos,
o nada absoluto que quer ser tudo
figurante desta história
triste títere tétrico
do tempo, da geografia,
do amor e da inglória.

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