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Passos admite novo resgate à Grécia mas só depois do referendo

O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, admitiu que seja negociado um novo programa de resgate à Grécia, mas só após o referendo, e rejeitou críticas ao comportamento do Governo PSD/CDS-PP no quadro europeu.

Em declarações aos jornalistas, à margem de uma cerimónia no Centro de Juventude de Lisboa, Pedro Passos Coelho referiu que “o processo negocial é conduzido pelas instituições, e não pelos ministros das Finanças de qualquer país”, e contestou que o executivo português tenha criado dificuldades nas negociações com a Grécia.

“Esta intenção que por vezes perpassa em declarações públicas, seja no espaço europeu, seja no espaço nacional, no sentido de estar a atribuir responsabilidades negociais a um país ou outro, é uma tentativa que, creio eu, não cola com o próprio processo”, afirmou.

Sem querer comentar diretamente as declarações que o ministro das Finanças francês, Michel Sapin, que apontou os “pequenos países” como os “mais duros” nas negociações com a Grécia, Passos Coelho salientou que “a posição que o Eurogrupo assumiu foi unânime”, sem contar com a Grécia.

“Não são os ministros das Finanças que estão a negociar com o Governo grego. São as instituições: Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional. O que os ministros das Finanças fazem é responder às avaliações que são feitas por estas instituições sobre as avaliações que têm lugar, mas não são uma parte direta da negociação, portanto, esse comentário nem sequer faz sentido”, argumentou.

Interrogado sobre a situação da Grécia, o chefe do executivo PSD/CDS-PP insistiu na ideia de que o processo negocial dos últimos meses “ficou concluído ontem [terça-feira], com o termo da extensão do próprio programa”, e não será prolongado.

“Quero insistir, porque me parece que às vezes na comunicação no espaço público pode não ser tão claro, que a matéria negocial que se desenvolveu até final da semana passada é uma matéria que faz parte da história”, disse.

Interrogado sobre o apelo do Presidente francês, François Hollande, a um acordo “agora”, respondeu: “Não faço ideia do que é que isso possa significar, mas o Presidente francês explicará com certeza”.

Segundo Passos Coelho, o que poderá acontecer é “um pedido de terceiro programa”, porque “a Grécia vai precisar de mais dinheiro”, mas “esse é um processo que ainda se iniciou” e que terá de esperar pelo referendo convocado pelo Governo grego.

De acordo com o primeiro-ministro português, “estas necessidades [de financiamento da Grécia] existem qualquer que seja o Governo grego e qualquer que seja o resultado do referendo”.

“Depois desse processo [de referendo], haverá lugar a negociações visando, não como até aqui, o prolongamento de um programa que terminou, mas eventualmente encontrar uma saída para um terceiro programa que responda aos problemas que existam na Grécia”, considerou, manifestando a esperança de que “no futuro seja possível chegar a um entendimento”.

Interrogado se faz sentido, no atual contexto, haver um referendo na Grécia sobre o último acordo proposto pelos credores, Passos Coelho remeteu a questão para as autoridades gregas.

“O Governo grego pode, ainda assim, querer ouvir o povo sobre matérias que se relacionam com a negociação que, sente, precisará de travar com as instituições europeias também e com FMI, mas essa é uma questão a que só o Governo grego é que pode responder”, disse.

Passos Coelho ressalvou que respeita “plenamente” a decisão o Governo grego de convocar um referendo, e os termos em que foi convocado.

“É um referendo que tem importância dentro da vida política e constitucional da Grécia. Portanto, não quero estar desvalorizar o referendo nem o seu resultado, mas também não tenho de o comentar, nem tenho de interferir nesse processo. Era amplamente desejável que os países europeus se abstivessem de fazer comentários sobre essa situação, ao nível dos seus governos, dos seus dirigentes, para não interferir no próprio processo de escolha que cabe ao povo grego”, acrescentou.

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