O Papa Francisco denunciou este sábado as consequências de um sistema económico que descarta as pessoas.

“É inaceitável e desumano um sistema económico mundial que descarta homens, mulheres e crianças pelo facto de parecerem ‘inúteis’ segundo os critérios de rentabilidade de empresas e outras organizações”, declarou, perante uma delegação da ‘Mesa-Redonda’ de Roma da “Global Foundation”.

Para o Papa, a cultura do descartável representa um “retrocesso e uma desumanização”.

“Quem causa ou permite o descarte de refugiados, o abuso ou a escravização de crianças, a morte de pobres nas ruas por frio e fome, transforma-se em máquinas sem alma. Mais cedo ou mais tarde, também eles serão descartados”, advertiu.

Francisco falou num efeito “bumerangue”, no qual todos serão descartados quando já não forem úteis a uma sociedade que colocou no seu centro o “deus-dinheiro”.

A ‘Mesa Redonda’ é um encontro que decorre em Roma, sobre o tema “Juntos, comprometemo-nos com o bem comum global”.

Francisco recordou aos 85 convidados que, em 1991, o Papa João Paulo II tinha já alertado para “o risco de que a ideologia capitalista se difundisse”.

“Isto comportaria uma escassa consideração pelos fenómenos da marginalização, da exploração e da alienação humana, ignorando as multidões que ainda vivem em condições de miséria material e moral e confiando numa solução ligada exclusivamente ao desenvolvimento das forças do mercado”, precisou.

O Papa deixou votos de que as lideranças econômicas e políticas usem “a sua inteligência e os seus recursos” não só para controlar os efeitos da globalização mas também para “ajudar os responsáveis nos vários campos políticos a corrigir o seu rumo, sempre que for necessário”.

A Global Foundation foi criada na Austrália em 1998 e o seu trabalho, sem fins lucrativos, é focado no serviço ao bem público de longo prazo e apoiado pelo setor privado e benfeitores, explica a Rádio Vaticano.