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Ou há moral…

«Ou há moral ou comem todos». É um ditado popular, que representa a essência da democracia, onde todos os homens são iguais perante a lei e a sociedade.

Devia ser assim, mas não é.

Vejamos um comezinho exemplo português, que tem ocupado a ociosidade de muitos comentadores e cabeças pensantes cá do burgo.

Correu muita água sob as pontes, no caso do «esquecimento» de Passos Coelho em pagar as dívidas de vários anos à Segurança Social. O primeiro-ministro e a maioria, sacudiram sempre a água do capote do jovem chefe do governo, inventando as razões mais mirabolantes para justificar o injustificável: Passos Coelho apostou, claramente, (na minha opinião) na prescrição das dívidas e só pagou quando estas estavam realmente prescritas e por força da denúncia dos jornalistas. Aliás, está para se entender como é que alguém paga uma dívida já prescrita, ou seja, que não existe e que tipo de recibo de quitação lhe passaram, mas enfim…

Ora, como se sabe, a máquina fiscal portuguesa é implacável, cega e fria, para quem não cumpre as suas obrigações. São mais que muitos os exemplos de penhoras a casas e salários, de quem se atrasa numa ninharia. No caso do primeiro-ministro, ninguém detetou a falta. Foi preciso os jornais falarem nisso.

E é aqui que entronca a última polémica que se arrasta há demasiado tempo. Havia ou não uma lista VIP de contribuintes do fisco onde não se podia tocar? Se havia, quem eram eles? E lá estavam os nomes de Passos Coelho, Cavaco Silva, e duas ou três outras figuras de menor relevo.

Quer dizer que nem os funcionários das Finanças estavam autorizados a verificar a situação fiscal deles. Para esconder o quê? Para defender o quê, se é suposto que cumpram as suas obrigações e quem não deve, não teme?

E nem colhe evocar que a consulta desses documentos viola o direito à privacidade, porque os direitos são de todos e não de alguns privilegiados. Quem vai para o governo, sabe ao que vai, se tem telhados de vidro ou rabos-de- palha, que se cuide, porque hoje, o escrutínio é muito maior.

Em ano de eleições, o governo não se quer meter nestas encrencas e nega tudo com o maior descaramento e ninguém se demite. Bem pode o governo negar que sabia da existência de uma lista VIP de intocáveis. A verdade é que já se demitiram o Diretor Geral de Finanças e o seu imediato.

E, a terminar, aí vai outro ditado popular «Bem prega Frei Tomás, faz o que ele diz, não o que ele faz.»

Ao que eu acrescentarei, «ou há moral, ou comem todos».

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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