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Os Portugueses e o Luxemburgo

Para Portugal e os Portugueses, o Luxemburgo é um país muito especial. Mais do que um país amigo, o Luxemburgo pode ser considerado um país irmão. A História juntou as duas nações, mas é sobretudo a importância da comunidade portuguesa no Grão-Ducado o grande cimento dessa união.

Um país em que mais de 20 por cento da sua população ativa é portuguesa e está espalhada por todo o tecido económico, social e, cada vez mais, também político, merece ser acarinhado pelos portugueses, que são aceites com generosidade e tolerância. E as instituições políticas dos dois países têm o dever de aprofundar os laços de cooperação e amizade.

É claro que não podemos ignorar que existem problemas. Claro que existem e são importantes. E é sobretudo na resolução destes problemas que se devem focar, em primeiro lugar, as autoridades luxemburguesas e portuguesas, mas também a comunidade e o movimento associativo, que devem neste domínio desempenhar um papel importante de apoio. E isto para que não seja prejudicado o generoso acolhimento e consideração que os luxemburgueses têm pelos portugueses. É importante usufruírem dos seus direitos, mas não podem esquecer os seus deveres como cidadãos para com o país de acolhimento.

Desde logo, quando se fala em imigração tem de se pensar na integração. E, obviamente, é inconcebível que não se fale pelo menos uma das línguas do país, até porque isso representa perda de oportunidades, principalmente a nível de empregos. De algum modo, representa uma forma de exclusão. Compreende-se o espírito de muitos portugueses que vão à procura de uma vida melhor e só se preocupam em trabalhar e em amealhar. Mas é errado ficarem-se apenas por aí, porque isso não é bom para eles, nem para os seus descendentes, nem para o Luxemburgo, nem para a nossa imagem como país e como povo.

Os portugueses, muitas vezes, têm uma aversão visceral à política, e por isso não participam nas eleições em que podem votar, sobretudo a nível local, mas gostam de ter eleitos de origem portuguesa e de sentirem o orgulho que isso provoca. Muitas vezes nem sequer se envolvem como deviam na educação dos seus filhos, embora desejem que eles tenham uma boa profissão e uma vida mais folgada. Outras vezes são bastante relutantes em participar na vida associativa, mas gostam e precisam de uma associação para se encontrarem e até para resolverem os seus problemas.

São contradições que é extraordinariamente importante que sejam ultrapassadas com o apoio de todos, isto é, das entidades públicas, privadas e associativas. Para os portugueses isto é fundamental, porque só dessa forma são mais reconhecidos e, para os luxemburgueses, porque precisam de construir uma sociedade onde todos tenham o seu lugar e vivam em harmonia.

Paulo Pisco

Deputado pelo PS eleito pelas Comunidades na Europa

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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