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Os corta-fitas alheias

A mulher do primeiro-ministro António Costa foi madrinha do Navio-Patrulha Oceânico (NPO) “Sines”, construído nos Estaleiros de Viana do Castelo. A política pode ser surpreendente e à Esquerda, a coluna vertebral mais flexível do que a dos outros mortais, o que ajuda imenso a versáteis cambalhotas. Mesmo assim, quantos pararam para pensar no simbolismo cínico da escolha?

Dependesse dos socialistas, do BE e do PCP, não existiam “patrulhões”, nem Estaleiros. Convirá talvez ter memória.

Em 2002, ministro da Defesa de um governo PSD/CDS, Paulo Portas recebeu as OGMA e os ENVC arruinados. Mal geridas, reféns dos dogmas estatizantes da Esquerda, as empresas públicas sorviam os recursos escassos dos contribuintes, que sustentavam proles e doses absurdas de despesa, só possíveis a quem não faz contas, porque à custa do dinheiro dos outros. .

Com a oposição expressa do PS, PCP e BE, Paulo Portas promoveu a privatização de parte das OGMA e a restruturação dos ENVC, aos quais foi adjudicada a construção de 10 navios NPO, dois dos quais com valências antipoluição, assegurando efetivos modernos para a Marinha e a manutenção de postos de trabalho na empresa.

Regressados ao poder em 2006 e até 2011, os socialistas voltaram a arruinar os ENVC. O projeto dos NPO ficou a “marinar”, o material adquirido enferrujou e o dinheiro de aventuras com “asfalteiros” venezuelanos desapareceu.

Depois de 2011, coube outra vez a um governo PSD/CDS, com Aguiar Branco a ministro da Defesa, Paulo Portas ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros e Passos Coelho como primeiro-ministro, resolver os problemas e pagar faturas acumuladas. Em 2014, os Estaleiros foram concessionados à Martifer, financiou-se a construção de NPO e grande parte dos trabalhadores indemnizados, voltaram a ser contratados.

Na altura, a Esquerda saiu à rua em protesto. No PS, o presidente da Câmara de Viana, José Costa, depositou coroas de flores, decretou o luto da cidade e deputados discursaram sobre o “pecado mortal” da decisão. Mas hoje, quando as OGMA e os Estaleiros de Viana são casos de sucesso reconhecidos no Mundo, com encomendas para muitos anos, o PS em vez de pedir desculpa, querendo colher louros à custa de méritos alheios, sem respeito pelo próprio pensamento, lá voltou, como se nada fosse, para cortar as fitas dos outros.

Significativamente, aos obreiros do PSD e do CDS, nem sequer convite para a cerimónia. E não consta que o presidente da Câmara de Viana do Castelo tivesse comparecido, pesaroso e de gravata preta tumular ao peito.

Para a Marinha, toda a sorte. Mas sinceramente, o “Sines” merecia melhores e mais justas bênçãos.

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