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Obras na costa alentejana irritam turistas

As obras de requalificação em praias da costa alentejana, em plena época balnear, têm incomodado turistas, residentes e comerciantes, que “compreendem a necessidade” das intervenções, mas questionam a sua execução no verão.

Barulho, poeira e maior dificuldade no acesso à praia são algumas das queixas ouvidas pela agência Lusa junto às praias do Malhão e da Zambujeira do Mar, no concelho de Odemira, no distrito de Beja, onde decorrem obras de requalificação promovidas pela Sociedade Polis Litoral Sudoeste.

“Não deviam fazer a obra nesta altura do ano”, lamenta Nuno Miguel, que conhece bem a praia do Malhão, onde está de férias com a família, reconhecendo que “era preciso a obra, mas não em pleno verão”.

Também Fernando Guerreiro, que reside na Zambujeira do Mar, crítica a altura escolhida para os trabalhos.

“Alguns [turistas] vêm e vão embora, outros ficam, mas tem estado cá menos gente do que é habitual nesta altura”, observa.

Com uma loja virada para a frente marítima, numa rua de acesso à praia da Zambujeira, que está cortada, dona Guiomar, como se apresenta, reconhece que as “obras eram mesmo necessárias”, mas diz ter sido prejudicada, notando “uma quebra muito grande no movimento”.

“Os turistas não vêm aqui. As únicas pessoas que aparecem são os clientes habituais, que sabem que têm de vir pelas traseiras”, lamenta também a proprietária do estabelecimento de restauração vizinho, Maria Isabel Bastos, observando que o acesso está ainda dificultado a fornecedores, que “têm de carregar as caixas à mão”.

Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara de Odemira, José Alberto Guerreiro, reconhece “o incómodo”, mas lembrou que “estão a ser criadas condições para o futuro”.

“Ninguém tem agrado em fazer obras na via pública nesta altura”, mas, “se este ano há incómodo, para o ano teremos imagem renovada”, diz, exemplificando com a praia do Malhão, onde “estão a ser criados dois parques de estacionamento com capacidade para 700 automóveis, que vão contribuir para evitar o pisoteio das arribas e a erosão da costa”.

Com a chegada do festival Sudoeste, entre os dias 05 e 09 deste mês, que atrai anualmente à Zambujeira do Mar milhares de pessoas, surgem também preocupações com a mobilidade, que o presidente da Sociedade Polis Litoral Sudoeste, André Matoso, assegura ter sido acautelada.

“Contactámos a organização do festival e enviámos informação relativa ao condicionamento do trânsito”, explica, adiantando à Lusa ter sido sugerido que o público fosse “sensibilizado” para frequentar “outras praias” da zona, como as de Alteirinhos e Almograve, ao mesmo tempo que “o ritmo de obras vai ser diminuído”.

O mesmo responsável recorda que, antes de avançar para o terreno, houve “sessões públicas”, em que se recolheram sugestões para “soluções de faseamento de obra que foram adotadas” para “minimizar impactos”.

“Temos a noção que está a causar prejuízos comerciais, mas no futuro será um ganho”, considera.

André Matoso justifica o período de execução das obras, que abrange o verão, com a necessidade de garantir a sua conclusão antes do final do ano, prazo imposto no âmbito do Programa Operacional Temático de Valorização do Território, que cofinancia o projeto.

Além de Zambujeira do Mar e do Malhão, em Odemira, também a costa de Santo André, no concelho de Santiago do Cacém, a praia da Samouqueira, em Sines, e a praia de Odeceixe, em Aljezur (Algarve), estão a ser intervencionadas durante a época balnear, com projetos de requalificação que ultrapassam ao todo os 4,5 milhões de euros.

As obras em aglomerados costeiros e zonas balneares, com diferentes intervenções em cada projeto, incluem a qualificação e valorização do espaço público, a reformulação da rede de abastecimento de água e de esgotos, a melhoria da circulação pedonal e, entre outras ações, o ordenamento do estacionamento e dos acessos.

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