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O primeiro sírio a jogar futebol profissional em Portugal

Jovem sírio Anas Alaji, de 18 anos, jogador do Desportivo das Aves, Famalicão, 3 de fevereiro de 2016. Elogiado pelas qualidades futebolísticas ao serviço do Al-Wadha, o jogador impressionou também pelo seu "caráter", com Roman Leobovets, administrador da SAD do Aves, a elogiar a forma como Alaji "resistiu à pressão dos familiares na Turquia para que ficasse no Besiktas" que entretanto já o abordara para que encurtasse a viagem. (ACOMPANHA TEXTO, 07 DE FEVEREIRO DE 2016). JOSÉ COELHO/LUSA

Aos 18 anos de idade, Anas Alaji fugiu às bombas na sua Síria natal e tornou-se o primeiro futebolista daquele país a alinhar num clube português, o Desportivo das Aves, da II Liga.

Admira Cristiano Ronaldo, mas o seu ídolo é mesmo o futebolista argentino Angel Di Maria.

Provindo de Damasco, a capital da Síria, e chegado a Istambul após cumprir escala em Beirute, o jogador ficou duas semanas em casa de familiares à espera do visto da embaixada de Portugal na Turquia, período em que aproveitou para treinar no Besiktas, ao lado do internacional português Ricardo Quaresma.

Elogiado pelas qualidades futebolísticas ao serviço do Al-Wadha, o jogador impressionou também pelo seu “caráter”, com Roman Leobovets, administrador da SAD do Aves, a elogiar à agência Lusa a forma como Alaji “resistiu à pressão dos familiares na Turquia para que ficasse no Besiktas” que entretanto já o abordara para que encurtasse a viagem.

Numa conversa com a Lusa, o jovem sírio que não se vê como um refugiado, mas tão só como futebolista, explicou a razão que o trouxe para cá: “desde criança que tenho o sonho de jogar na Europa. Estou aqui para dar o meu melhor e honrar o meu país, a Síria”.

Ser futebolista “num país em guerra e onde estão sempre a cair bombas”, reconheceu, “não foi fácil”. Mas, ainda assim, contou que, apesar de todos os condicionalismos, conseguiu “ajudar a seleção a alcançar bons resultados”, tendo representado aquele país em Sub-17 no Campeonato do Mundo do escalão.

Jovem sírio Anas Alaji, de 18 anos, jogador do Desportivo das Aves, Famalicão, 3 de fevereiro de 2016. Elogiado pelas qualidades futebolísticas ao serviço do Al-Wadha, o jogador impressionou também pelo seu "caráter", com Roman Leobovets, administrador da SAD do Aves, a elogiar a forma como Alaji "resistiu à pressão dos familiares na Turquia para que ficasse no Besiktas" que entretanto já o abordara para que encurtasse a viagem. (ACOMPANHA TEXTO, 07 DE FEVEREIRO DE 2016). JOSÉ COELHO/LUSA
Jovem sírio Anas Alaji, de 18 anos, jogador do Desportivo das Aves, Famalicão, 3 de fevereiro de 2016. Elogiado pelas qualidades futebolísticas ao serviço do Al-Wadha, o jogador impressionou também pelo seu “caráter”, com Roman Leobovets, administrador da SAD do Aves, a elogiar a forma como Alaji “resistiu à pressão dos familiares na Turquia para que ficasse no Besiktas” que entretanto já o abordara para que encurtasse a viagem. (ACOMPANHA TEXTO, 07 DE FEVEREIRO DE 2016). JOSÉ COELHO/LUSA

A partilhar casa na Vila das Aves com outros jogadores estrangeiros do plantel do clube local, Alaji ultrapassa o desconhecimento do português e do inglês, com o recurso a um “site” de traduções online, sendo também o computador a forma que tem de comunicar com a família no Médio Oriente.

“É difícil para mim, mas tenho de me adaptar ao meio em que agora estou”, confessou o extremo sírio, explicando que tem conseguido contactar com a família na Síria “porque eles vivem numa zona onde não há problemas”.

Confessando-se um admirador de Cristiano Ronaldo – facto bem patente nas chuteiras que usa para treinar – é, contudo, o futebolista argentino Angel Di Maria o seu ídolo.

Falando à Lusa, o treinador do Aves, Ulisses Morais confessou admiração pelo “caráter” de alguém que “se percebe que na sua vida teve momentos extremamente difíceis”, “crescendo com as dificuldades”.

“Este é o lado bom que vai encontrar depois do que um país, em cenário de guerra, não lhe pôde oferecer”, frisou o treinador, para quem Alaji é “jogador extraordinário, com um talento enorme”.

E sobre a comparação com Di Maria, o técnico foi mais longe: “tem essa fantasia e é um jogador explosivo mas acresce a isso o facto de recuperar rapidamente quando perde a bola, algo que o Di Maria só adquiriu na fase adulta”.

Alaji assinou pelo Aves o seu primeiro contrato profissional – algo inexistente no futebol sírio, segundo Leobovets – e começa agora a dar os primeiros passos para cumprir o sonho que o fez atravessar a Europa do Leste a Oeste.

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