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O miúdo português de 16 anos que faz nome no skate mundial

Com apenas 16 anos, Gustavo Ribeiro destacou-se há cerca de um mês nos Estados Unidos com um feito histórico, ao tornar-se o primeiro português a vencer o Tampa AM, o mais antigo e mítico campeonato de skate de amadores no mundo e onde grandes nomes da modalidade ganharam no passado. Neste ano, foi o jovem português o melhor, entre 250 participantes.

Em declarações ao DN, Gustavo confessa que só agora está a cair em si. “Foi incrível, parecia que tudo aquilo que estava a acontecer no momento era um sonho! Não se pode dizer que contasse com esta vitória, mas também confesso que não foi totalmente inesperado. O nível era bastante elevado e só poderia ganhar se conseguisse dar uma run sem uma falha. Na minha segunda run consegui obter um score de 90.33 que me levou à vitória. Missão cumprida, pois neste ano trabalhei com o grande objetivo de estar nesta competição e de ganhá-la”, assume. Esta vitória permitiu a Gustavo Ribeiro obter um golden ticket para participar no SLS Pro Open 2018, a prova rainha do skate profissional, o que “será o concretizar de mais um sonho”.

Apesar de muito novo, Gustavo tem dominado as competições em Portugal e já se sagrou campeão nacional por três vezes. “Aos 14 anos, fui o mais novo a ganhar o circuito nacional de profissionais e tenho tido a sorte de vencer todos os circuitos nacionais desde então. Estas vitórias são o resultado da minha paixão e de querer dar sempre aquela manobra mais difícil que ninguém ainda deu. É nesses momentos que retiramos o verdadeiro prazer do skate e tentamos superar os nossos limites”, refere, acrescentando que os segredos de um verdadeiro campeão “são levar a sério o que se faz, treinar bastante, tentar ser o mais saudável possível, ter bons hábitos e regras e, acima de tudo, querer ganhar mais do que os outros, que também apresentam grande nível”.

Foi aos 5 anos que Gustavo começou a praticar a modalidade, juntamente com o irmão gémeo Gabriel, após ambos terem recebido um skate do tio. Pouco tempo depois, entraram para escolas de skate e “foi aí que começou a verdadeira paixão, sempre muito apoiada e incentivada pela família”. Hoje em dia, no entanto, já viaja sozinho, pois os pais “têm de tomar conta das irmãs mais pequenas”.

Os treinos são normalmente no Parque das Gerações, em São João do Estoril, com o irmão e outros amigos. “Andamos muito também na rua, em spots que elegemos para um treino mais dedicado, uma sessão fotográfica ou um pequeno clip de vídeo, mas o mais importante é estar com bons amigos e partilhar novas sequências ou manobras de skate”, sublinha.

O campeão nacional de skate revela que o dinheiro que lhe é entregue pelos seus patrocinadores já lhe permite ganhar o suficiente para conseguir fazer a sua vida sem pedir dinheiro aos pais, mas ainda não para conseguir pagar todos os custos das estadas no estrangeiro. Assim, acaba por pagar as despesas com dinheiro que ganha nos campeonatos em que participa, principalmente no estrangeiro.

A quem está agora a começar na modalidade, Gustavo aconselha que “não desistam, vão andar de skate com os amigos e, se caírem, têm de levantar-se e tentar de novo, mas essencialmente pensem primeiro em tirar prazer do que fazem sem colocar a fasquia muito elevada, pois em cima do skate todos se podem divertir, com muita camaradagem pelo meio”.

Estudante no 10.º ano do liceu, em Humanidades, reconhece que já é complicado de conciliar as duas coisas. “A escola acaba por ficar sempre para trás, pois o objetivo é ser profissional de skate”, mas garante que, para já, não lhe passa pela cabeça abandonar os estudos.

O próximo objetivo é trabalhar para as classificativas da Street League 2018, onde será o primeiro português a disputar o circuito. E não esconde que ambiciona obter um grande resultado. “Ser o primeiro português traz-me grande responsabilidade e muitos nervos. Competir com skaters que admirava na net ou na televisão, autênticos ídolos, é um grande feito para mim e, se me sair bem nas classificativas, tudo é possível na final. Eles que se cuidem!”, avisa.

Gustavo tem dois grandes sonhos na carreira. Por um lado, ter o seu pro-model, ou seja, uma tábua ou uns ténis com o seu nome; por outro, conseguir um dia ganhar uma SLS, competição de elite com a presença dos melhores 25 skaters do mundo.

Apesar de algumas melhorias registadas nos últimos anos, Gustavo Ribeiro lamenta o preconceito social que leva a que muitas pessoas ainda vejam os skaters como marginais: “Somos afastados dos spots por algumas pessoas e alguns até nos chamam nomes.”

Para além do skate, Gustavo gosta de estar com os amigos, de ir à praia ao final do dia e ao cinema, mas adivinhe qual o “meio de transporte” que usa para se deslocar… O skate, como é óbvio.

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