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O indefensável ministro da Defesa

© Pixabay

Azeredo Lopes será um bom ministro do PS, mas é um péssimo ministro da Defesa. Ajudará António Costa a eximir-se de responsabilidades que em condições normais um primeiro-ministro assumiria. Mas constitui um fator diário de instabilidade nas Forças Armadas. O “espírito de corpo” é um traço identitário das instituições militares. O corporativismo partidário é a regra deste Governo. Virando as costas aos militares, para defesa dos preconceitos que cimentam a “geringonça”, o ministro ascende nas escadarias do Largo do Rato. Em compensação perde o respeito daqueles que deveria tutelar e defender.

Começou por falhar na forma. Numa formatura, oficiais, sargentos e praças estão impecavelmente fardados, porque o aprumo é uma exigência militar rigorosa. Um ministro da Defesa não comete a indelicadeza de passar revista às tropas em traje de passeio, como Azeredo Lopes se permitiu em Portugal e o primeiro-ministro em Angola.

Mas falha também na substância.

O Governo apoucou o secular Colégio Militar, a benefício de proclamações de género. Decidiu deturpar uma frase do diretor, compreensível se enquadrada no contexto, para assinalar uma agenda política e fazer um frete ao BE, de que o PS depende para governar. E no final, na bandeja foi deploravelmente servida a cabeça do CEME, general Carlos Jerónimo, que honrando a máxima de que “não fica ninguém para trás” se demitiu, solidário com todos quantos o ministro abandonou.

Nos momentos de dificuldade, o ministro acicata militares contra militares, sem noção de que a hierarquia é a essência das Forças Armadas. Por alguma razão, Maquiavel fez escola na política e não no Exército.

Sendo que a este propósito, Tancos bastaria para que as necessárias consequências políticas já tivessem sido tomadas há muito tempo.

No penúltimo debate quinzenal, António Costa respondeu a Assunção Cristas que sobre o tema “talvez viesse a ter uma surpresa”. Conhecidas as incidências da recuperação do armamento furtado, seria difícil prever que a surpresa pudesse ser pior.

Acusado por um dos envolvidos de ter tido conhecimento da estratégia, Azeredo Lopes negou.

Entretanto, o ex-chefe de gabinete de Azeredo Lopes admitiu ter recebido, afinal, documentos sobre a recuperação das armas de Tancos.

Já não está só em causa saber se o ministro sabia, ou não sabia. Está perceber-se que na discussão pública e judicial, no mínimo a dúvida está instalada.

Hoje, quinta-feira, o indefensável ministro da Defesa continua no lugar. E António Costa declara Azeredo Lopes um ativo importante do Governo. No PS, até que faz algum sentido.

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