A narrativa negando a existência de liberais ou de uma direita liberal em Portugal, que vem brotando em colunistas e comentadores na net e na imprensa escrita, desde Pedro Marques Lopes a Luís Aguiar-Conraria, exaspera-me e exulta-me: sei que existimos e devemos estar a fazer mossa ou medo a almas menos amigas das liberdades individuais e muito especificamente do direito de escolha (liberdade era Abril, mas isso não interessa mesmo nada), pois que outra justificação haverá para nos negarem? Não se nega o que não existe até porque é uma perda de tempo e de latim.

Uma tal assertividade negacionista, um tal gasto de espaço e frases é um elogio, em última análise; demonstra medo e, enfim, pouco espaço mental para discussões out-of-the-box, que desconstruam o quadro dominante em que todas as ideias e acções nascem e se legitimam em Portugal – a quadratura do Estado.

Exaspera-me que um iliberal me negue mas estou à vontade para levar porrada de outro liberal porque, como bem sabe quem pertence ao clube mais bastardo que existe, é mais o que nos separa do que o nos une, mas que nos une é saber que não nos negamos.