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Não é normal

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Não é normal que em pleno século XXI, 64 pessoas tenham morrido carbonizadas num incêndio, em estradas que não foram encerradas e se diga em Portugal que a culpa foi das trovoadas secas, enquanto em Espanha se escreve sobre o “caos mais absoluto” e a “evidente falta de coordenação entre as autoridades”.

Não é normal que as comunicações no terreno tenham falhado em 2017, como no passado, porque o SIRESP, renegociado com abdicação de funcionalidades em 2006, com José Sócrates a primeiro-ministro e António Costa a ministro da Administração Interna, por um preço de 485,5 milhões de euros, não funciona.

Não é normal que de seis Kamov igualmente adquiridos em 2006, pelo mesmo Governo, num negócio ruinoso que custou 340 milhões de euros ao Estado, apenas três aparelhos voem, com limitações e a um custo estimado e absurdo de 25 mil euros/hora. Não é normal que apesar de Portugal ser anualmente fustigado por fogos sem paralelo no resto da UE, o Governo socialista tenha recusado utilizar as verbas dos fundos europeus “Portugal 2020”, para a compra com desconto que poderia atingir 85%, de dois aviões pesados anfíbios de combate a incêndios, que todo o sul da Europa possui.

Não é normal que quando os especialistas insistem que nenhuma solução é possível, sem aposta na prevenção, o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, tenha dito que “não há prevenção possível perante um tão elevado número de ignições, que só podem ter origem criminosa ou negligente, daí que a maior parte do orçamento esteja alocado ao combate e não à prevenção”.

Não é normal que o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, tenha anunciado que este verão os bombeiros passarão a deslocar-se de Lisboa para Viana do Castelo de autocarro e de comboio, para evitar desgaste das viaturas de serviço e os acidentes.

Não é normal que se confunda um Canadair com botijas de gás.

Não é normal que em agosto de 2015, com o PSD e o CDS no Governo, em plena época de fogos o Bloco de Esquerda desse conferências de Imprensa para dizer que a “incompetência do Governo não pode encontrar justificação na meteorologia” e perante o que está à vista em 19 junho de 2017, Catarina Martins tenha tweetado “que venha a chuva. Bom dia”.

Não é normal o eleitoralismo em fotografias, a propósito de uma tragédia.

Não é normal que após tantas tutelas passadas na área, os socialistas se atrevam a insinuar, sequer, um ano, seis meses e 26 dias depois de empossados na atual governação, que a culpa do que aconteceu esteve no anterior Governo.

Não é normal.

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