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Movimento dos Emigrantes Lesados diz que solução não é boa

O Movimento dos Emigrantes Lesados (MEL) considera que a solução comercial que o Novo Banco propôs aos clientes que compraram produtos BES, para reaverem as poupanças, não se adequa ao seu perfil de risco, sendo demasiado complexa.

Segundo disse à Lusa Luís Marques, um dos dirigentes do MEL, os emigrantes lesados “não têm perfil para adquirir esses produtos” propostos pelo Novo Banco.

O responsável afirmou que o que essas pessoas sempre quiseram foi pôr as poupanças em “depósitos a prazo com capital e juros garantidos” e que na altura foram os gestores do BES que as aplicaram em séries de ações preferenciais, sem o seu conhecimento, e que agora são convidadas a pôr o dinheiro em produtos complexos.

Luís Marques afirmou que uma solução que passa pela subscrição de obrigações de longa duração do Novo Banco e em que os depósitos a prazo estarão condicionados ao valor dessas obrigações não é adequada ao perfil de risco dos emigrantes, em que alguns “têm apenas a quarta classe”.

Critica ainda que o Novo Banco peça aos clientes que aceitam essa proposta que “reconheçam que não compraram depósitos, mas ações preferenciais”, naquilo que considerou uma confissão para evitar processos em tribunal.

Outra dirigente do movimento, Helena Pereira, disse ainda que o Novo Banco tem agido de forma muito ativa na tentativa de persuadir os emigrantes a optarem pela solução comercial proposta.

“Apesar de os bancos em França não estarem abertos à segunda-feira, na última alguns estiveram para recuperar assinaturas. Houve mesmo uma pessoa que disse que não podia ir assinar, que estava na praia, e lhe responderam que iam ter com ele. Isto até seria cómico, se não fosse dramático”, afirmou.

Ambos referiram ainda que até agora, dos relatos que lhe chegam, o Novo Banco ainda não enviou mais informação clara e detalhada sobre a solução comercial proposta, apesar do pedido que a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) fez a semana passada nesse sentido.

Entretanto, esta tarde a CMVM emitiu precisamente um comunicado a dizer que tem a informação de que o Novo Banco vai enviar até à próxima terça-feira (08 de setembro) mais informação aos clientes emigrantes sobre a solução proposta e que esses terão depois até 18 de setembro para tomar uma decisão ou mesmo reequacionar decisões já tomadas.

O Novo Banco fez em julho uma proposta aos clientes não residentes que subscreveram séries comerciais sobre ações preferenciais comercializadas pelo BES para que venham a receber o capital investido, de forma faseada.

A solução comercial proposta pelo Novo Banco prevê a assinatura prévia dos clientes para que o Novo Banco e o Credit Suisse possam anular os veículos financeiros. Só depois será possível avançar com a proposta que garante pelo menos 60% do capital investido, e liquidez se essa for a opção, assim como um depósito anual crescente a seis anos, que prevê recuperar no mínimo 90% do capital investido.

Segundo a informação dada pelo Novo Banco, até quarta-feira da semana passada mais de 50% dos emigrantes aceitaram a proposta, o que corresponde a mais de 3.500 dos 7.000 clientes. Ao total dos clientes em causa correspondem aplicações no valor global de 720 milhões de euros.

A Lusa pediu informação mais recente ao Novo Banco sobre o nível de adesão, mas até ao momento não obteve resposta.

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