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Modelo português de educadores de rua aplicado na Islândia

O modelo português de educadores de rua vai ser replicado na Islândia no âmbito de um projeto que junta aquele país, Portugal, Estónia e Itália na definição de uma estratégia global para jovens que não trabalham nem estudam.

“Algumas associações islandesas estão interessadas em estabelecer parcerias com Portugal para criar núcleos de educadores de rua, um modelo que não existe no país” disse à Lusa Olivier Pourbaix, da CAI – Associação Conversas Internacional, no final de uma visita de trabalho à Islândia.

A deslocação a Reiquiavique, capital do país, que decorreu entre 29 de novembro e segunda-feira, foi a primeira das quatro visitas de trabalho aos quatro países (Portugal, Itália, Estónia e Islândia) que integram o projeto “Community Guarantee“, financiado pelo programa Erasmus.

Coordenado pela ONG Association of Estonian Open Youth Centres (Associação de Centros de Juventude que congrega cerca de 150 associações da Estónia, o projeto visa a elaboração de um documento orientador para a criação de uma rede europeia especializada em trabalhar com NEET [jovens que não trabalham, não estudam nem estão em programas de formação].

“Apesar de não pertencer à Comunidade Europeia integrámos a Islândia como parceiro por se tratar de uma realidade completamente diferente que seria interessante os outros países conhecerem”, disse à Lusa a coordenadora do projeto Stiina Kütt.

Com uma taxa de desemprego de 2,8%, dos quais apenas 1,8 desemprego jovem a Islândia “não tem grandes problemas nesta área [dos NEET] e podemos aprender muito com eles”, mas, acrescentou a coordenadora, “constatámos nesta visita que tem mais problemas ao nível das questões de saúde mental entre os jovens”.

Ao contrário dos restantes parceiros do projeto, a Islândia “não tem que seguir as regras europeias” e deu a conhecer, durante a visita de trabalho que a Lusa acompanhou, a experiência de várias associações que direcionam jovens para programas de emprego ou ocupação de tempos livres através de atividades ligadas à arte ou ao desporto.

Em contrapartida, no país com elevados problemas de depressão, ansiedade e problemas psicológicos entre os jovens “o trabalho dos educadores de rua em Portugal foi considerado muito interessante e inspirador” sublinhou Stiina Kütt.

O desenvolvimento das parcerias para a criação de um núcleo de educadores de rua no Norte da Islândia vai ser estudado em Lisboa, em março, aquando da visita de estudo das delegações dos outros três países a Portugal para conhecer o trabalho da CAI no âmbito da intervenção social, cooperação e educação não formal para o desenvolvimento humano.

Contactado pela Lusa Helder Luis Santos, coordenador para a formação, confirmou hoje à Lusa que a associação, que aloja em Portigal o Street work Training Institute (SwTI) [capacitado para a formação de educadores de rua em vários países], “tem condições para formar pessoas na Islândia e estabelecer redes de apoio a um futuro núcleo” naquele país.

Os educadores de rua abordam a educação social de rua como sistema pedagógico não formal, surgido no final da década de 1970, combatendo a exclusão social.

Apesar de, em Portugal, o trabalho do educadores de rua ter “ficado muito reduzido devido à crise”, está atualmente a “renascer adaptado também a outras realidades”, algumas as quais ligados a problemas de saúde mental em que “a Islândia poderá ser, nesta ótica de rede, um exemplo de boas práticas que poderemos replicar”, acrescentou.

Para além da deslocação a Portugal o projeto comtempla uma visita de trabalho à Estónia (em janeiro), outra a Itália (maio), e uma reunião de coordenação na Islândia, no próximo verão, altura em que a criação do núcleo de educadores de rua poderá avançar.

O projeto “Community Guarantee“, iniciado em julho deste ano, vai prolongar-se até 21 de jeneiro de 2019, terminando com um seminário internacional, na Estónia, onde serão apresentadas as conclusões a integrar um documento orientador para uma estratégia global para a integração dos jovens NEET.

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