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Meu poema à portuguesa

Eu  escrevo, improviso,  depois   leio   e   releio

E no  meio  do  poema  olhando  para  horas  mortas

Tento  despertar  o  tempo  de  escrever  sem  freio

E  então  inicio  às   direitas   e  às   tortas.

 

O  poema  está   abafado,  morno  e  o tempo é infindável

Os  leitores  parecem  estar  desiludidos, mas  aprumados

A  escrita  prossegue  na  noite  calma  mas   burguesa

O  poema  tem  que  sair  do  forno   à   portuguesa.

 

Talvez  até  saia  uma  estátua   grande  de   granito

Não  quero  ninguém  desiludido  nem   pálido

Que  grite  o  povo,  o  poeta  não  está  aflito

Comeu   e  bebeu  bem  e  não  tem   mau  hálito.

 

Hoje  não  é  segunda feira  o  feriado  dos  pedreiros

Ninguém  tem estômago   avinhatado  nem  débil

Os  cães  passeiam  nas  ruas  e  jardins  com  letreiros

Saia  um  poema  à  portuguesa,  viril e  bem  cuidado.

 

Agora  vou  ao  bailarico, acerto o  passo  inicia  a  dança

A  avó  ao  canto  do  baile  diz  para a  neta  quase  vesga

De  amores  por um  rapagão. Vai  neta  eu  pego  na  criança .

 

Tudo  acontece hoje e agora  neste  poema  à  portuguesa

O  rapaz  cheira a  sovaco  e  a  rapariga  é  catita

O  que  irá  ainda  acontecer  ninguém  tem  a  certeza

E  ao  canto  da  sala  avó  se  sente   bem  aflita.

 

E  o  poema  está  pronto  e  cozido. Mas  sempre à  portuguesa!

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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