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Maior complexo mineiro romano do mundo está em Valongo

O Clube de Montanhismo Alto Relevo, que este fim de semana promove em Valongo um congresso de mineração romana, acredita que no subsolo deste concelho e dos de Paredes e Gondomar exista “o maior complexo mineiro romano do mundo”.

“Relatos de especialistas na mineração romana apontam que Valongo tem o maior complexo mineiro romano a nível de mineração primária, ou seja subterrânea. E a área de mineração romana estende-se para Paredes e Gondomar. O nosso objetivo é proporcionar os estudos [científicos] sobre o complexo para que este seja classificado”, indicou à agência Lusa um dos responsáveis do clube, Vítor Gandra.

O congresso também é organizado, quer em termos logísticos, quer financeiros, pela câmara de Valongo que, partilhando a convicção de que existe neste território uma “riqueza escondida” com “grandes potencialidades turísticas”, está “a identificar um parceiro para lançar uma publicação que explique a dimensão da presença dos romanos nestas serras”, disse à Lusa o presidente da autarquia, José Manuel Ribeiro.

“No dia em que provarmos que está aqui o maior complexo mineiro do Império Romano facilmente conseguimos um reconhecimento internacional e isso vai dar uma visibilidade impressionante ao território e gerar fluxos turísticos que beneficiam todo o Grande Porto. Estamos empenhados em perceber com garantia científica o que temos. Sempre ouvi que Valongo dorme sobre um diamante. Acho que as serras ainda têm muito para revelar”, referiu o autarca, elogiando o trabalho que é feito pelo clube e salientando outras parcerias nomeadamente académicas.

O Alto Relevo faz estudos espeleológicos nas serras, tendo encontrado em Valongo, mais propriamente na encosta norte de Santa Justa, centenas de cavidades com cerca de 20 séculos de existência, as quais constituem a marca presente sobre um passado dedicado à exploração de minério.

Segundo Vítor Gandra “um dos objetivos da associação é fazer a ponte entre a espeleologia [técnicas para aceder às cavidades] e o mundo científico”, dando as ferramentas necessárias aos estudiosos para que estes possam desenvolver trabalhos que culminem na classificação do complexo mineiro.

O clube também pretende envolver a população e as entidades locais e distritais neste objetivo, destacando, aliás, do programa do congresso quer a apresentação sobre a Associação Parque das Serras do Porto criada recentemente para promover o “Pulmão Verde” da Área Metropolitana, quer as visitas às serras que vão decorrer domingo de manhã em Valongo, Paredes e Gondomar.

“Temos a noção de que poderemos ter debaixo dos nossos pés algo muito grande que pode ser interessante em vários aspetos, nomeadamente turísticos. Esta associação poderá ter uma palavra importante na classificação [do complexo] e dar-lhe um impulso”, observou Gandra, acrescentando a sensibilização para a conservação do património como outro objetivo quer do clube, quer do congresso que tem início sábado no auditório Dr. António Macedo.

Também José Manuel Ribeiro destacou a participação da Associação Parque das Serras do Porto, lembrando que a sede desta estrutura é em Valongo, distrito do Porto, onde, disse, “o atual executivo tem vindo a investir fortemente na componente ambiental”, apoiando “desde a primeira hora” iniciativas como este congresso ou limpezas como a que culminou este ano na retirada de 1.200 pneus de uma cavidade romana e também do exterior, enquanto em 2010 tinham sido retirados mais de 1.500.

O material retirado nesta ações que são dinamizadas pelo Alto Relevo – que se foca em Santa Justa e Pias, embora o chamado “Pulmão Verde” da Área Metropolitana do Porto se estenda a Castiçal, Flores, Santa Iria e Banjas – é transportado com o apoio da câmara de Valongo para um gestor de resíduos que os aceita de forma gratuita.

O segundo Congresso de Mineração Romana e Espeleologia contará com especialistas de áreas como geologia, arqueologia e engenharia de minas, bem como de pessoas sem formação académica nestes temas mas que têm mostrado interesse na área. A organização aponta para cerca de 200 inscritos.

José Manuel Ribeiro e Vítor Gandra destacam que o programa é “gratuito, para toda a população” e “não exige qualquer conhecimento prévio”.

Será projetada uma visita virtual sobre a Galeria G1, uma cavidade cuja extensão é de “algumas, muitas, centenas de metros”, sendo objetivo geral do evento “mostrar às pessoas o que temos debaixo dos pés”.

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