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Longa-metragem de cineasta portuguesa no MoMA

“Spell Reel”, a primeira longa-metragem da cineasta portuguesa Filipa César, estreia-se nos Estados Unidos, no Museu de Arte Contemporânea de Nova Iorque (MoMA), a 27 de junho, onde ficará em exibição até 2 de julho.

Um dia antes da estreia, Filipa César será a anfitriã de uma noite no MoMA, em que serão projetadas várias curtas-metragens escolhidas pela realizadora, a par de uma conversa com o programador do Seminário Flaherty, Nuno Lisboa, e com a curadora adjunta do Departamento de Filme do museu, Sophie Cavoulacos.

O filme “Spell Reel”, que foi estreado no Festival Internacional de Cinema de Berlim, em fevereiro, usa imagens de arquivo da guerra da independência da Guiné-Bissau, para explorar como estes registos influenciam a criação e legado da história de um país.

Filipa César recorre a cinema revolucionário, do acervo do Instituto Nacional de Cinema e Audiovisual da Guiné-Bissau (INCA), cuja recuperação foi possibilitada pelo instituto alemão Arsenal.

Fazem parte do arquivo o trabalho dos cineastas Sana Na N’Hada, Flora Gomes, José Bolama Cobumba e Josefina Crato, que estudaram cinema em Cuba, por iniciativa do líder da independência da Guiné-Bissau, Amílcar Cabral, e filmaram a guerra da independência e os primeiros anos de governação socialista.

Depois do golpe militar de 1980, muitos destes filmes foram perdidos e os que sobreviveram corriam o risco de desaparecer.

Durante o filme, a realizadora levanta a questão da memória, dado que muito do material sobrevivente é composto por fragmentos, mistura as imagens de arquivo com filmagens atuais, manipulando a sua escala e orientação, e mostra o vídeo da digressão pelo país, em 2014, em que muitos dos filmes originais foram mostrados ao povo guineense pela primeira vez.

“O trabalho da [Filipa] César existe na intersecção entre ficção e documentário, explorando história, local e identidade, através de narrativas pessoas e nacionais interligadas”, explica o museu nova-iorquino, na apresentação do filme.

“Caracterizado por rigorosos elementos estruturais e líricos, as suas meditações multiplataformas frequentemente focam-se no colonialismo português e a libertação da Guiné-Bissau, nos anos 60 e 70”, acrescenta o MoMA.

Filipa César é formada em Pintura pelas Faculdades de Belas-Artes do Porto e de Lisboa, onde concluiu a licenciatura, em 1999.

No seu percurso destaca-se a passagem pela Künstlerhaus Schloss Balmoral, em Bad Ems, e pela UDK – Universidade das Artes de Berlim, onde concluiu o mestrado, como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian.

Ganhou o prémio União Latina, em 2003, o prémio BES Photo, em 2010, participou na Bienal de Istambul (2003), no Festival Internacional de Cinema de Locarno (2005), na Trienal de Arte Contemporânea de Praga (2008), nas Bienais de Arquitetura de Veneza e de São Paulo, e na Manifesta 8, em Cartagena (2010).

Expôs nas galerias Jeu de Paume, em Paris, Maio 36, em Zurique, Espacio Distrito Cu4tro, em Madrid, Sint-Lukas, em Bruxelas, 1a space, em Hong Kong, no Centre d’Art Santa Mónica, em Barcelona, na Fundação Calouste Gulbenkian e no Museu do Chiado, em Lisboa, no Museu de Serralves, no Porto, no Musée d’Art Moderne Grand-Duc, no Luxemburgo, no Hordaland Kunstsenter, em Bergen, e no Küchenstudio, no Arsenal – Institut für Film und Videokunst e na Haus der Kulturen der Welt, em Berlim, entre outras instituições.

Filipa César foi selecionada igualmente para o festival de Berlim em 2016, com “Transmission from the Liberated Zones”, e em 2013, com “Cuba”, duas curtas-metragens igualmente feitas a partir dos arquivos de cinema da Guiné-Bissau.

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