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Livro sobre Eugénio de Andrade apresentado na Casa de Portugal em Paris

O livro “A Materna. Casa da Poesia” do jornalista e escritor Fernando Paulouro Neves vai ser apresentado, este sábado, na Casa de Portugal – Residência André de Gouveia, em Paris.

O ensaio, uma edição “dilatada, revista e ampliada com capítulos novos”, a partir de uma obra editada em 2003, fala sobre “a relação arterial de Eugénio de Andrade com a Beira”, nomeadamente com a aldeia natal da Póvoa de Atalaia, “muito importante para compreender a poesia dele e, no fundo, aquilo que é a matriz originária”, explicou o autor à Lusa.

“Eu tive a sorte de o ter acompanhado, por ser amigo dele, nos seus regressos à Beira, designadamente à Póvoa de Atalaia. Esse regresso dele, que aliás é um bocado tardio, permitiu-me conhecer, através dos passos, das palavras e dos olhos dele, aquela geografia sentimental que está muito ancorada à sua obra. (…) Em textos sucessivos, há uma explicação muito clara dele a dizer que ali está a certidão de nascimento da sua poesia”, descreveu Fernando Paulouro Neves.

Ana Paixão, diretora da Casa de Portugal André de Gouveia, disse à agência Lusa que o “livro surgiu na programação há cerca de um ano” e que foi “uma escolha natural”.

“Foi uma escolha natural acabar por fazer a apresentação aqui em Paris, uma vez que há uma comunidade portuguesa tão forte e há também a Associação dos Beirões, que trabalha ativamente em parceria com a Casa de Portugal”, explicou Ana Paixão.

Para Fernando Paulouro Neves, apresentar o livro em Paris é “muito gratificante, porque também Eugénio de Andrade foi um dos primeiros poetas, a seguir a Fernando Pessoa, que foi traduzido em França”.

“Também é um autor que, de uma forma muito nítida, está ligado a Paris e a França, porque França o acolheu de uma maneira muito interessada, singularizando a poesia de Eugénio como um dos grandes poetas do século XX português. Eu julgo que, se ele estivesse vivo, gostaria de saber que o livro iria ser apresentado em Paris e naquele local”, acrescentou o autor.

A apresentação de “A Materna. Casa da Poesia” vai ser acompanhada por uma leitura de poemas, em português e francês, e pela interpretação, ao piano, de obras de Johann Sebastian Bach, “o grande compositor presente na obra de Eugénio de Andrade”, lembrou Ana Paixão.

“A poesia de Eugénio de Andrade é uma poesia cheia de música, em que a música é uma temática frequente, mas também é utilizada em termos rítmicos, em termos do processo criativo do próprio Eugénio de Andrade. Aliás, há um dos capítulos do livro que é justamente sobre essa ligação que a poesia tem com a música. Ele diz que as duas surgiram nele em simultâneo e, portanto, obviamente nos pareceu lógico associar a poesia à música, neste caso ao piano”, explicou a também professora na Universidade de Paris 8 e leitora e coordenadora pedagógica do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua.

Fernando Paulouro Neves foi diretor e chefe de Redação do “Jornal do Fundão”, faz parte do Conselho Geral da Universidade da Beira Interior, é colaborador do Centro de Estudos Ibéricos e foi distinguido, em 2014, com o Prémio Gazeta de Mérito do Clube dos Jornalistas.

O jornalista é autor do livro de “Os Fantasmas Não Fazem a Barba”, “Os Olhos do Medo”, “Crónica do País Relativo. Portugal, Minha Questão”, “O Foral: Tantos Relatos/Tantas Perguntas” e “Era Uma Vez Cerinéu”.

Fernando Paulouro Neves é ainda coautor de “A Guerra da Mina – Os Mineiros da Panasqueira” e encontra-se representado em livros coletivos e antologias, nomeadamente em “Identidades Fugidias”, coordenado pelo filósofo Eduardo Lourenço, e “A Mãe na Poesia Portuguesa”, organizado pelo poeta Albano Martins.

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