De que está à procura ?

Comunidades

Jean-Marie Le Pen: a comunidade portuguesa não é um problema

O fundador da Frente Nacional Jean-Marie Le Pen disse à Lusa que “a comunidade portuguesa nunca colocou nenhum problema a França” e que os portugueses “não têm nada a temer” se a filha, Marine Le Pen, for eleita presidente de França.

“Os portugueses são europeus e, ainda por cima, a comunidade portuguesa nunca colocou nenhum problema a França, pelo contrário. A Frente Nacional não é contra os emigrantes, sobretudo quando são europeus, mas contra a emigração massiva e incontrolada”, disse Jean-Marie Le Pen, acrescentando que os portugueses “não têm nada a temer”.

Jean-Marie Le Pen, que foi afastado da Frente Nacional (FN) pela filha, mas continua a ser o presidente honorário do partido, afirmou que os imigrantes portugueses “são pessoas que, na maioria, têm sentimentos patrióticos” pela França.

“Quero transmitir-lhes toda a minha amizade, toda a minha confiança, porque têm valores de vida que são exatamente os mesmos que os nossos, por isso, temos as mesmas ideias”, considerou o também eurodeputado, cujo primeiro assento no parlamento europeu foi conquistado em 1984.

Aos 88 anos, Jean-Marie Le Pen afirmou, ainda, ser “um amigo de Portugal” e disse ter “uma grande estima e uma grande simpatia pelo povo português”, considerando “que os portugueses o sabem”.

Questionado sobre as consequências para Portugal em caso de se concretizar o “Frexit”, ou seja, uma saída da França da União Europeia, o pai da candidata da extrema-direita às presidenciais defendeu que “a Europa é como um espartilho para os países europeus”.

“Cada um deve recuperar as suas responsabilidades nacionais e o seu dinamismo nacional. Não há absolutamente nenhum interesse em pertencer a esta formação que é onerosa e relativamente autoritária”, argumentou.

Jean-Marie Le Pen disse não ter estranhado que o novo cartaz de campanha da filha só tenha o nome ‘Marine’ e não o apelido Le Pen, ainda que continue de relações cortadas com a sucessora que o expulsou do FN em 2015 devido às suas declarações antissemitas e revisionistas sobre o Holocausto.

“Não me choca, eu fiz a mesma coisa, ‘Jean-Marie presidente’. Não é um problema. Não penso que marque, da parte dela, um distanciamento do apelido da família, tanto mais que mesmo que se ela se quisesse separar dele, a opinião pública não deixaria”, lançou o político, com uma sonora gargalhada pelo telefone.

O pai de Marine Le Pen foi candidato à presidência em 2002 e também passou à segunda volta, na qual perdeu contra Jacques Chirac, da direita, por 82,2% contra 17,7%.

Agora, a filha quer vencer a batalha que o pai perdeu, depois de anos a distanciar-se do discurso mais radical de Jean-Marie Le Pen, condenado várias vezes pelas suas declarações antissemitas e racistas.

“É impossível prever os resultados, mas bato-me para que ela consiga”, afirmou, confirmando que “provavelmente” ainda está “chateado” com a filha, mas pronto para comemorar a eventual vitória junto dela “se for convidado”.

Marine Le Pen conquistou 21,30% dos votos na primeira volta das presidenciais de 23 de abril e tem pela frente o centrista Emmanuel Macron, que obteve 24,01% dos votos.

Vários candidatos já manifestaram apoiar Macron contra a extrema-direita, nomeadamente o conservador François Fillon (20,01%) e o socialista Benoît Hamon (6,36%), ainda que Jean-Luc Mélenchon (19,58%) tenha optado por não se pronunciar sobre o seu voto.

A segunda volta é a 07 de maio.

TÓPICOS

Siga-nos e receba as notícias do BOM DIA