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“Jardim dos segredos” de Kate Morton

Ficha técnica

Título – Jardim dos segredos

Autor – Kate Morton

Editora – Porto Editora

Páginas – 551

Opinião

Há livros que nos encantam da primeira à última página, que nos seduzem e nos enredam numa teia de mistério, encantamento, sedução e empolgamento que faz com que seja impossível, inimaginável largá-los antes de alcançar a sua página final. Aí, quando lemos as derradeiras palavras, instala-se um sentimento de saciedade, de prazer satisfeito e, de olhos fechados e sorriso nos lábios, abraçamos mais uma vez o livro, partilhamos pensamentos com as personagens e agradecemos com devoção a quem foi capaz de criar tal compilação de deliciosos momentos de leitura.

Kate Morton pode não ser a melhor escritora do mundo. Não consigo compará-la com, por exemplo, José Saramago, Gabriel García Márquez, Javier Marías ou qualquer outro autor que se preza pelo amor à literatura, a um estilo cuidado, detalhado, rico, denso e que nos proporciona momentos de reflexão, de intimidade e conhecimento próprio. Contudo, esta autora australiana conquistou-me irremediavelmente, entrou-me na alma apenas com uma obra que, apesar de não ser dona de um estilo e de uma escrita muito elaborados e complexos (como tanto gosto, porque me desafiam), me prendeu desde o parágrafo inicial e me obrigou a ler de forma quase compulsiva mais de quinhentas páginas.

Uma criança inglesa perdida, que desembarca completamente só num porto do outro lado do mundo, sem nada que a identifique e que é acolhida por um casal desesperado por ter filhos. Um segredo que apenas é revelado muitos anos depois. Uma neta que se vê a braços com a morte dolorosa da sua avô e com uma correspondente herança que a deixa perplexa. Dois países separados por milhares de quilómetros de mar. Um punhado de mulheres extraordinárias, determinadas, destemidas que me arrebataram e me fizeram querer saber mais, querer conhecê-las, querer segui-las, querer acompanhá-las. Uma história onde todos estes elementos se misturam e se unem para produzir uma narrativa poderosa, que nos deixa em pulgas, com uma vontade infinita de chegar ao seu final e ao mesmo tempo de não o fazer, de continuar ao ladinho de Cassandra, de Nell e sobretudo de Eliza, a personagem mais marcante e que de certeza absoluta não deixará ninguém indiferente. Que mulher, que mulheres!

Poderia prolongar indefinidamente esta opinião, poderia seguir elogiando a obra, valorizando a sua história, as suas personagens cativantes e merecedoras da nossa admiração, poderia continuar a desenrolar o novelo, a exaltar o quanto fiquei enfeitiçada pelas descrições das paisagens inebriantes da Cornualha (um destino a considerar seriamente para uma futura viagem), mas prefiro não estragar (mais) o prazer, o fascínio e o deslumbramento de quem ainda não leu esta obra e o queira fazer. Todos merecem penetrar nela imaculados, porque tenho a certeza de que, se assim for, irão saboreá-la tanto ou mais do que eu.

Leiam esta obra, por favor! Peguem nela e deslumbrem-se, porque não se arrependerão!

NOTA – 10/10 (merecidíssima)!

Sinopse

Uma criança perdida: em 1913 uma criança é encontrada só, num barco que se dirigia à Austrália. Uma mulher misteriosa prometera tomar conta dela, mas desapareceu sem deixar rasto. 

Um terrível segredo: no seu 21.º aniversário, Nell Andrews descobre algo que mudará a sua vida para sempre. Décadas depois, embarca em busca da verdade, numa demanda que a conduz até à costa da Cornualha e à bela e misteriosa Mansão Blackhurst. 

Uma herança misteriosa: aquando do falecimento de Nell, a neta, Cassandra, depara-se com uma herança surpreendente. A Casa da Falésia e o seu jardim abandonado são famosos nas redondezas pelos segredos que ocultam – segredos sobre a família Mountrachet e a sua governanta, Eliza Makepeace, uma escritora de obscuros contos de fadas. É aqui que Cassandra irá por fim desvelar a verdade sobre a família e resolver o mistério de uma pequena criança perdida.

in http://osabordosmeuslivros.blogspot.pt/

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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