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Ilha de Utila

A ilha de Utila é essencialmente conhecida pelo avistamento de tubarões-baleia. Para alcançar esta ilha desde Roatan, o único transporte possível é um catamaran. Descrever esta viagem numa só palavra é ser somítico no uso de adjetivos benevolentes.

É impossível usar apenas um adjetivo, quando toda a viagem é de uma beleza encantadora e sublime. Ao sabor da brisa, uma certa paz e mansidão reinam nestas águas cristalinas. Como música de fundo temos as ondas do mar e o vento. Minutos mais tarde, somos galardoados com inúmeros golfinhos que nos acompanham ao longo de todo o percurso. Uma imagem maravilhosa, convertendo uma simples viagem tão banal, num sonho perceptível e conspícuo. A nadar ou aos saltos, estes golfinhos improvisavam movimentos deliciosos, deixando-nos perplexos e embevecidos. Finalmente em Utila, procurei uma pousada para deixar a minha mochila. De seguida, dirigi-me ao centro da vila para me informar sobre uma possível excursão para nadar com os tubarões-baleia. Após a primeira resposta negativa, continuei a minha procura entre algumas agências. A palavra “não” era a toda a hora a resposta ao tal sonho que eu tanto ambicionava.

A justificação era sempre a mesma. Já há algum tempo que não se viam tubarões-baleia ao longo desta ilha. Teria de me deslocar até ao México, para poder concretizar este sonho.

Tristonho e desgostoso, conformei-me com tal notícia e comprei um bilhete de barco para sair desta ilha no dia seguinte. Malgrado este entrave, decidi explorar algumas praias. Como em quase todas as ilhas das Caraíbas, as praias de areia branca com águas cristalinas são o prato do dia. Uma venustidade bucólica incansável para os nossos olhos. Tomar banho nestas águas é francamente inefável. Uma água quente, onde não necessitamos de uma entrada a passo de caracol devido a um choque de temperatura. Ao invés de algumas praias onde apenas damos um mergulho e fugimos a sete pés devido a temperaturas gélidas, eis que sentimos completamente o inverso. Foge-se a sete pés das areias escaldantes para o mar, devido a um calor infernal. De volta à pousada, conheci alguns mochileiros e decidimos jantar todos juntos. Ao longo da costa escolhemos uma pequena barraca com vista para o mar.

Mal chegámos, fomos interpelados pelo capitão do catamaran, que nos tinha reconhecido e que imediatamente nos convidou para comermos na mesma mesa. Chamava-se Vernon e era francês. Apaixonado pela navegação e pelo mar, deixara a sua pátria há muitos anos para se dedicar exclusivamente a estas viagens entre as duas ilhas. Após uma longa noite de copos e gargalhadas, o capitão desta pequena embarcação falou de outra paixão que tinha, tocar piano quando estava em terra. Fiquei pasmado e surpreendido por perceber que havia um piano nesta ilha paradisíaca. Quando lhe disse que era pianista e dava aulas de piano, o homem convidou-me imediatamente para ir a casa dele. E assim foi. Depois de algumas cervejas, atrevi-me a acompanha-lo até sua casa com outros mochileiros. É verdade que fiquei desgostoso por não ter nadado com tubarões-baleia, mas acabei por fazer algo que me dá imenso prazer. Tocar piano em pleno luar, numa ilha paradisíaca, em plenas Caraíbas.

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