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Ideia portuguesa para ajudar os sem-abrigo já se exporta

O projeto português Cacifos Solidários, idealizado pela Associação Conversa Amiga (ACA) e implementado em Lisboa para pessoas sem-abrigo, tem despoletado o interesse de organizações e de autarquias de França, Suíça e Reino Unido, pretendendo-se “criar uma rede internacional”.

“Neste momento, estamos a finalizar a rede em Lisboa, que inclui também a gestão do próprio projeto e o acompanhamento das pessoas, [e estamos a] iniciar no Funchal e exportar o projeto para outros países”, disse hoje à agência Lusa o presidente da ACA, Duarte Paiva, à margem da inauguração de 12 novos cacifos para sem-abrigo na zona do Oriente, na freguesia do Parque das Nações, na capital.

O projeto Cacifos Solidários começou em outubro de 2013 com a instalação de 12 cacifos na zona de Arroios, onde os sem-abrigo podem “guardar os seus pertences de forma segura e digna, ao mesmo tempo que são acompanhadas por uma equipa profissional que estabelece a ligação entre a rua e os serviços sociais”.

Atualmente, existem 48 cacifos instalados na capital, distribuídos por quatro zonas: Arroios, Santa Apolónia, Cais do Sodré e Oriente.

“Programamos uma rede entre 60 e 72 cacifos em Lisboa”, afirmou o responsável da ACA, revelando que vão ser instalados 12 equipamentos na zona do Rossio e, provavelmente, outros 12 na zona do Marques de Pombal.

Fora de Lisboa, a expansão do projeto vai começar em maio com a instalação de “12 cacifos em duas localizações diferentes na cidade do Funchal”, indicou Duarte Paiva.

Além-fronteiras, o presidente da ACA prevê “ainda este ano instalar o projeto em França”, referindo que falta definir qual a cidade francesa que o acolherá, “mas inicialmente a ideia seria Paris”.

Além de França, a associação ACA tem recebido contactos de organizações e de autarquias da Suíça e do Reino Unido com interesse em instalar o projeto.

“A ideia é criar uma rede internacional deste projeto, que os Cacifos Solidários sejam iguais em Lisboa, no Funchal, em Paris e nas outras cidades” que o acolherem, declarou Duarte Paiva, explicando que todos os cacifos vão funcionar com a mesma metodologia, ainda que “com adaptações locais”, pelo que a ACA vai se responsabilizar por dar formação às equipas técnicas de rua.

Questionado sobre o balanço da implementação do projeto na cidade de Lisboa, o responsável considerou que é “bastante positivo” e avançou que “funciona muito como um trampolim” para retirar as pessoas da rua.

“Existe efetivamente um salto da rua para fora da rua ou para melhores soluções de quem tem cacifo”, advogou Duarte Paiva.

Os sem-abrigo que têm um cacifo atribuído pela ACA, referiu, têm “mais oportunidades de mudar a sua condição”, resultado do acompanhamento que é feito pelas equipas técnicas.

De acordo com o presidente da ACA, “cerca de metade” das pessoas em condição de sem-abrigo que tiveram um cacifo conseguiram sair da rua.

“É um trabalho de todos os dias, não basta dar o cacifo. O cacifo é uma porta de entrada para tudo aquilo que possa existir”, reforçou Duarte Paiva.

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