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Herança

E eu morro a cada dia

quando cada coisa morre.

Outrora Deus me socorria;

agora já não socorre.

Vai um pássaro, coitadinho,

de hirtas e opacas asas.

Vai com ele um bocadinho

da minha alegria tão rasa.

Vão-se o amigo, o cão, o gato, o boi,

tudo vai nesta infalível jornada.

Só fica a angústia do que foi

na minha memória cansada.

Até um jovem filho se vai

sem mesmo saber pra onde,

na vã liberdade que atrai

e mil armadilhas esconde.

Nenhuma alegria perdura

e todo gozo é passageiro.

Só de tristeza há fartura

todo dia, o ano inteiro…

Quando eu me for (e será breve!)

levarei comigo esta carga.

Não quero que alguém herde

tanta lembrança amarga.

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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