Ao ouvir, na TVI, o caso das crianças adotadas por dirigentes da IURD, lembrei-me de pobre-diabo que conheci no café Chave D’ouro, no Porto.
Certa tarde – já lá vão décadas – achei-me a conversar com um evangelista que se intitulava pastor.
Animado pela conversa, começou a contar-me um pouco da sua vida. Era operário da construção civil. Mais por brincadeira, do que por convicção – pois até era de esquerda – inscreveu-se na “Legião”.
“Diziam que era bom, e obtinha-se vantagens…”, contou-me.
Passou a frequentar o culto numa Igreja Evangélica, e como verificasse que havia membros que recebiam “regalos”, logo tentou ocupar lugar visível.
Conseguiu ser leitor. “Pouco ou nada obti, mas ganhei experiência, e conheci gente, que me foi útil“.
Depois… passou para nova Igreja, de denominação diferente, até que teve a felicidade de ser escolhido para ir a um congresso, que se realizou em Londres. “Pagavam as viagens e deram-me estadia, em casa de irmão…”.
Quando regressou, teve conhecimento de que um padeiro, fora convidado para pastor com o vencimento de seis mil escudos!
Tentou ser sacerdote, mas, por escassearem-lhe dons oratórios, e sofrer de fobia, ao falar diante de grande assembleia, não foi aceite.
Assentou, então, criar a “sua Igreja”. Alugou garagem e convenceu alguns membros a acompanhá-lo. “É grupinho pequeno, mas temos ranchinho de catraios. Recebo, de Londres, folhetos e livrinhos, e dou-lhos. Ficam tão contentes!…”
Andava, então, a oferecer, a várias Igrejas, os seus serviços, na esperança que alguma aceitasse o “grupinho”, em troca de salário, que servisse para aumentar a renda!
Nunca soube se chegou a conseguir a almejada renda.