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Eutanásia

Gostaria de fazer algumas considerações acerca do debate e da votação desta semana no parlamento, e desde já devo dizer que sou a favor da mesma, não porque tenha certezas, mas porque possuo convicções e estou legitimado pela minha consciência para optar:

1) O debate decorreu, salvo raras excepções, com elevação e sem grandes demagogias no que se refere ao tema.

2) No entanto, fora do Parlamento, cartazes a apelarem a que “não se matem os velhinhos” ou que a “eutanásia mata” foi do mais demagogo que tenho visto, pois, tal como a vida é uma doença incurável que normalmente leva à morte, a eutanásia não é só para velhinhos, mas sim para todos aqueles que estejam em sofrimento atroz provocado por uma doença incurável.

3) Também esteve mal José Manuel Silva, ex-bastonário da Ordem dos Médicos, que para além das considerações efectuadas numa perspectiva médica, o que é razoável, extravasou a sua competência fazendo considerações acerca da “sociedade civil”, deixando portanto os militares de fora, sobre os conhecimentos do povo que nem sequer sabe distinguir a eutanásia da distanásia.

4) Eu não sei quem é o povo que José Manuel Silva conhece, mas garanto-lhe que as pessoas com quem lido, podem não saber o que é a distanásia ou a ortotanásia, mas sabem perfeitamente o que é a eutanásia.

5) Para além de mais, e que eu saiba, não estava em causa um referendo, mas sim, um debate e uma votação parlamentar para 230 deputados. E creio que qualquer um dos deputados eleitos para o Parlamento sabe perfeitamente o que é a Eutanásia. Se não sabem ou estão mal esclarecidos, é porque fizeram mal o trabalho de casa!

6) Apesar de tudo, muitos deles acharam que houve pouco debate, e perante algo desconhecido para eles, votaram contra! Na minha perspectiva, quem está mal assessorado ou não fez o trabalho de casa, devia abster-se e não votar contra algo que não dominam ou desconhecem.

7) Outros votaram contra porque a legalização da eutanásia porque a mesma pode levar a exageros! Sim, claro que pode, da mesma forma que a liberdade que tanto apregoamos e defendemos, pode levar à libertinagem. Esquecem-se que nos quatro projectos apresentados à Assembleia da República, todos contemplavam os pressupostos protocolos necessários para um máximo controlo.

8) Estranho foram todos aqueles votaram contra porque a eutanásia porque tal assunto não estava no programa eleitoral na altura das eleições. Bom, e se vamos por aí, então terão que rever o seu voto no momento em que aprovam o Orçamento de Estado, pois, muitas receitas e impostos lá contempladas também não estavam em nenhum programa eleitoral.

9) Alguns acham que os cuidados paliativos são um substituto razoável à eutanásia, porém, muitos só lembram deste argumento quando se fala de eutanásia. Na verdade eutanásia e “cuidados paliativos” são aspectos diferentes de se lidar com o sofrimento de alguém, mas de forma alguma são substituíveis. Apesar de tudo aceito esta justificação tanto mais que ninguém está contra os cuidados paliativos.

10) Finalmente, a grande maioria dos que votaram contra a legalização da eutanásia, não tenho dúvidas, fizeram-no por convicção pessoal, de acordo com a sua maneira de encarar a vida e a morte, com a sua consciência do que é o melhor para a sociedade. Entre eles, quatro amigos pessoais. E isto não é uma guerra entre a minha e a vossa consciência, mas sim falarmos sobre o assunto, reflectirmos e optarmos.

11) Como é óbvio, isto é o início de algo muito sério e talvez, mais do que uma aprovação ou reprovação em plenário, merecesse um referendo.

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