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Emigrantes voltam a Portugal 25 anos depois

Quinze emigrantes portugueses no continente americano, com idades compreendidas entre os 69 e os 83 anos, retornaram a Portugal durante 12 dias, revisitando lugares que não viam com os seus próprios olhos há mais de 25 anos.

A estada em Portugal dos emigrantes portugueses em Argentina, Brasil, Estados Unidos e Venezuela, só foi possível através do programa Portugal no Coração, como sublinhou Francisco Joia, emigrante em New Bedford, a uma hora e meia de automóvel de Boston, no estado norte-americano de Massachuchetts.

“Sem esta oportunidade, era um bocadinho difícil vir cá”, declarou Joia, de 70 anos, natural de São Nicolau, Porto, junto ao Oceanário de Lisboa, no Parque das Nações, etapa final de um viagem em que passou por Vila Nova de Cerveira, Oeiras, Santa Maria da Feira e Foz do Arelho.

Desde 1988 que Francisco Joia não pisava o país natal e o que viu durante os 12 dias impressionou-o.

“Portugal está virado, como do dia para a noite. Está grande, uma maravilha”, sustentou, revelando que o que viu “dá desejo de voltar”, embora não seja “para viver”.

É que frisou ter “a família, com os netos, e a vida feita” em New Bedford, para onde emigrou em 1977, para abraçar a profissão de pescador, a qual lhe proporcionou “ganhar bom dinheiro”.

“Em 1966, fui lá passar férias, para ver aquilo. Depois, tinha lá os meus sogros, o meu sogro foi numa ‘tournée’ lá cantar. A minha cunhada foi para lá, tornou-se americana e chamou a minha mulher. Fui atrás da minha mulher, com um contrato de trabalho”, lembrou.

Joia sublinhou que não está arrependido por ter emigrado e realçou que a comunidade portuguesa em New Bedford “está bem implantada e toda a gente dá valor” aos portugueses.

“O português está bem visto: do velho faz novo, do que é feio faz bonito”, salientou, referindo que há no presente um fluxo migratório de portugueses para Miami, no sul dos Estados Unidos, estando “lá talvez já umas 200 famílias, com casa própria”.

Também Maria Lucinda da Fonte não vinha a Portugal, neste caso, há 28 anos, e conta ter encontrado um país “muito diferente”.

“Achei tudo muito diferente. Não esperava. Está um país maravilhoso”, referiu.

Em Alcântara, em Lisboa, onde embarcou rumo ao Rio de Janeiro, no Brasil, Maria Lucinda da Fonte diz que encontrou “tudo muito bonito, muito diferente de há 50 anos”.

“No coração, a gente pensa sempre nas imagens que deixou Portugal. Portugal não estava tão avançado nos prédios, nas ruas, nas pessoas”, notou a emigrante, nascida há 83 anos em Satão, Viseu.

As precárias condições de vida levaram a família de nove filhos a emigrar para o Brasil, em 1956, sempre com o regresso a Portugal no pensamento, o que acabou por não ser possível.

Por isso, Maria Lucinda da Fonte expressou ainda o desejo de regressar à terra natal: “Quem me dera, tenho cinco netos e três filhos. Eles adoram Portugal, não têm condição. Se eu pudesse vir e ficar, eu não tinha problema”.

No retorno por 12 dias, a mais idosa do grupo gostou “de tudo” na visita, “uma benção para voltar a ver” o país natal de novo.

Já António Queijeira, natural de Mogafores, Anadia, há 39 anos que não visitava Portugal.

Desde 1977 na Venezuela, país que atravessa uma crise económica, política e social, Queijeira emigrou à procura de melhores condições de vida, porém sempre com a intenção de voltar.

“A Venezuela está muito feia. Queria vir para Portugal, com a minha esposa, que é venezuelana, mas está um pouquinho difícil porque estou a tratar da minha pensão”, afirmou, esperando que o Consulado de Portugal “dê uma resposta concreta”.

No regresso a Portugal, depois de uma ausência de 39 anos, foi confrontado com um país “muito modificado”.

Com 79 anos, António Borges dos Santos, natural de Seia, admitiu que estava “noutro lugar”.

“Nunca pensei uma coisa assim”, afirmou, maravilhado com o que viu em Portugal durante 12 dias, no âmbito do programa “Portugal no Coração”.

O pai “foi primeiro para a Argentina, antes da II Guerra Mundial, e depois a família juntou-se depois”, recordou António Borges dos Santos, que emigrou a um de abril de 1955.

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